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Nacional
Terça - 03 de Maio de 2011 às 13:04
Por: Márcia De Chiara

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O sinal amarelo da inadimplência começou a piscar para os consumidores de menor renda que parcelaram a compra de motocicletas, especialmente no Nordeste do país. É exatamente esse estrato da população, com renda mensal entre 2 e 3 salários mínimos (de R$ 1.090 a R$ 1.635), o mais afetado pela disparada da inflação dos alimentos dos últimos meses. Entre janeiro e março deste ano, o atraso no pagamento da prestação aumentou um ponto percentual acima do comportamento normal da inadimplência para o período, revela uma pesquisa feita a pedido do Estado pelo Instituto de Gestão de Excelência Operacional em Cobrança (Geoc).

Os números se referem às prestações de motos atrasadas entre 31 dias e 181 dias após a data do vencimento da parcela. Os dados foram coletados entre as 18 empresas de cobrança que fazem parte da entidade e respondem por cerca de 60% do mercado de recuperação de créditos em atraso nos segmentos de motos e veículos. O superintendente do Instituto Geoc e responsável pela pesquisa, João Paulo de Mattos, observa que comportamento semelhante da inadimplência de motos foi registrado no mesmo período na região Norte e em São Paulo. Já no Centro-Oeste, o acréscimo da inadimplência foi um pouco menor, cerca de meio ponto percentual acima da sazonalidade do período.

Na região Sul, ficou estável. "A inadimplência está crescendo, mas não é nada alarmante". O aumento da inadimplência de motos é reforçado pelo dono da empresa de cobrança Central de Serviços dos Empresários do Ceará (Cesec), Irã Leão Duarte, que tem forte atuação no Nordeste na renegociação de financiamentos em atraso de motos de grandes bancos e financeiras. Segundo o executivo, a taxa de calote foi maior nos atrasos entre 11 dias e 360 dias. Em janeiro, a inadimplência para essa faixa de atraso estava em 15,42% e subiu para 18,38% em março. Duarte explica que geralmente a inadimplência atinge níveis mais elevados em fevereiro, mas neste ano foi observado em março. Segundo o executivo, dados preliminares de abril mostram que a tendência de alta do calote persiste. "Se Deus quiser, a inadimplência deve cair em maio".

Entre os motivos apontados na pesquisa para o aumento da inadimplência de motos estão o descontrole de gastos e as despesas com pagamento de impostos, matrículas escolares e gastos extras com carnaval. Perda de emprego está fora da lista. Segundo Mattos, o fator mais relevante é o excessivo endividamento do consumidor.

Inflação - Para o economista-chefe da Associação Nacional as Entidades de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Nicola Tingas, esse pode ser um indício de que, com o aumento da inflação, o orçamento da baixa renda ficou mais apertado. A inflação, especialmente de alimentos, pesa mais no orçamento das famílias de menor renda, corroendo a capacidade de compra.

O grupo alimentação responde por 33,1% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias com renda entre 1 e 6 salários mínimos. Esse indicador já acumula alta de 6,31% em 12 meses até março. O aumento do calote do consumidor de baixa ainda não apareceu nos números do Banco Central. O último dado disponível, de fevereiro, mostra uma taxa de inadimplência de 5,8%, praticamente o mesmo nível de janeiro (5,7%). Em veículos, o aumento também foi pequeno, de 2,64% para 2,8%. Procurados pelo Estado, bancos não quiseram relatar como anda a inadimplência do consumidor.

Aceleração - A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) foi de 0,95% em abril, o que indica uma aceleração de 0,24 ponto em relação à taxa de 0,71% registrada em março, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado superou o teto das estimativas dos economistas, que previam taxa de 0,76% a 0,93%.






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