Colheita reduz contratação nos canaviais
Segundo o presidente da Coplacana, José Coral, a mudança gradativa no corte da cana tem gerado um grande número de desemprego no setor. Até pouco tempo, o setor usineiro dependia exclusivamente da mão-de-obra humana para realizar o corte da cana-de-açúcar. De uns tempos para cá, o processo de colheita de cana passou por um intenso processo de mecanização. Essa mudança de perfil, onde o homem está cedendo, gradualmente, lugar à máquina, faz, em partes, a colheita nas lavouras de cana-de-açúcar ficar mais eficiente. Segundo José Coral, presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana (Coplacana), a microrregião de Piracicaba conta apenas com 40% de seus canaviais com colheita mecanizada. “Em comparação a outras regiões ainda temos poucas maquinas na lavoura. Já nas regiões como Pirassununga e Araras a representação é maior e tem entre 50% e 60%, respectivamente, o corte mecanizado”, disse. A mecanização da colheita da cana-de-açúcar não só aumenta o rendimento operacional do procedimento como também reduz seu impacto ambiental, por dispensar a queima de resíduos. “Porém temos uma queda muito grande em relação ao desemprego dos cortadores. Muitos deles não têm estudos e acabam sendo excluídos e acabam ficando sem emprego, gerando um índice alarmante para o setor”, completou Coral. Para o presidente da Coplacana, a falta de mão-de-obra especializada no setor não é tão grande quanto se imagina, no entanto, é necessário observar a forma como é feito o processo de seleção dos profissionais para o setor. “Tem se investido muito pouco no treinamento dos cortadores de cana, o governo já prometeu mais investimentos nesta área, mas ainda não foi visto nada. E, para os proprietários de lavouras de cana, não há interesse em treinar os cortadores. Sempre escolhem aqueles que já estão preparados para serem contratados”. De acordo com José Coral, em 2010, eram cerca de oito mil cortadores de cana contratados na região e desse total menos de 1% teve aproveitamento dentro da colheita mecanizada. “Foram pouco mais de 800 trabalhadores capacitados para trabalhar com as máquinas tanto para o corte quanto para a manutenção dos equipamentos, ainda é muito pouco”, enfatizou. Segundo Coral, para a safra 2011 o número de empregados para o corte deva ser bem menor que o do último ano. “Devido há problemas na colheita da cana, teremos uma redução na produção de cana neste ano e isto é um fator que afetará no número de contratações no setor. Nossa expectativa para 2011 é de contratação de seis mil cortadores, no máximo sete mil”, disse.
CAPACITAÇÃO - Com o pouco investimento do governo federal e estadual na profissionalização do setor, Coral acha que para não ter um número maior de desempregados no corte de cana os responsáveis pelo corte da cana deveriam capacitar seus funcionários. “As usinas e os donos de terra poderiam investir um pouco a cada ano em seus cortadores para que num futuro próximo contratá-los para o trabalho em sua propriedade”, finalizou.
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