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Educação/Vestibular
Quarta - 27 de Abril de 2011 às 08:46

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Se cursar uma faculdade exige tempo e dedicação, quando dois cursos de graduação fazem parte da rotina a organização é a palavra-chave para conseguir conciliar as tarefas. A psicóloga Marina Vasconcellos alerta que a faculdade demanda além das aulas, um tempo em casa para colocar as leituras em dia e realizar trabalhos. "Nem sempre fazer dois cursos significa fazer os dois bem feitos. É importante pensar em uma formação qualificada", afirma.

"Acho bem estressante, mas acredito que vale a pena", conta Stefan Bender, 25 anos, que estuda Agronomia e Gestão Ambiental. O gaúcho até pensou em fazer Jogos Digitais, mas não passou no vestibular. Foi quando decidiu seguir a profissão do pai, que é agrônomo. Bender acredita que uma visão mais ampla da profissão vale o cansaço de alguns anos.

O paulista Bernardo Machado, 26 anos, também pensa assim. Ele se divide entre os cursos de Direito e Filosofia, além do estágio. "Saio de casa às 6h para ter aula às 7h30min e chego em casa quase 23h", conta. E nem são os primeiros cursos de Machado - ele já é formado em Relações Internacionais.

A vontade de estudar Direito veio depois do curso, quando quis se especializar em Direito Internacional. "A pós-graduação exigia conhecimentos que eu não tinha. Então, resolvi fazer logo a faculdade inteira", afirma. Já a curiosidade pela Filosofia veio cursando Direito, quando Machado se interessou pelo assunto durante uma disciplina do currículo.

Os cursos são complementares, diz o estudante. "Algumas interpretações do Direito recaem sobre questões filosóficas, como justiça, ética e organização do Estado", afirma. Ainda assim, ele conta que a sua escolha causa estranhamento nos colegas. "Os de Direito acham que os filósofos são muito "viajantes", só falam em tese, enquanto que os de Filosofia acham que advogado só quer roubar dinheiro", brinca.

Para o diretor nacional de Educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Luiz Edmundo Rosa, a rotina de Machado reflete as necessidades atuais do mercado. "Vivemos na era da convergência. O ser humano está pensando em soluções integradas", afirma. Como os universitários não podem organizar o seu próprio currículo, com disciplinas de cursos diversos, a solução é fazer mais de uma graduação. "É o preço que pagamos por causa da rigidez curricular no Brasil", diz Rosa.

Nem mesmo quando o curso é a distância a carga diminui. O estudante de Jornalismo maranhense Raylson Lima, 19 anos, faz o curso técnico de Agropecuária a distância. "As aulas são em sábados e domingos alternados, mas precisamos participar de fóruns na web e acessar alguns materiais", explica. Já o Jornalismo exige constante atualização do que está acontecendo no País e no mundo.

A solução para conciliar tudo é priorizar provas e trabalhos que valem a nota. As escolhas de Lima ainda causam estranhamento nos amigos e familiares. "Eles não entendem o motivo de cursar os dois, mas pretendo trabalhar com a agropecuária dentro do jornalismo", planeja.

Algumas universidades, entretanto, já facilitam a graduação multidisciplinar. A Fundação Getulio Vargas (FGV), por exemplo, oferece desde 2010 a possibilidade de se formar em Direito e em Economia como dupla graduação. Dessa maneira, em vez dos cinco anos exigidos para concluir a primeira e outros quatro anos para a segunda, o aluno pode concluir as duas em sete anos e meio.

Cada faculdade da FGV disponibiliza cinco vagas para os alunos matriculados a partir do 7º semestre de ambos cursos. Os candidatos passam por um processo seletivo: enquanto que os de Direito fazem uma prova de Ciências Exatas, os de Economia fazem outra com produção e interpretação de texto. Os cursos de Administração e Direito já disponibilizavam esse recurso desde 2008, e os universitários podem concluir ambos em sete anos.






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