FMI acende debate ao estimar que China ultrapassará EUA em cinco anos
Uma estimativa indicando que a economia chinesa superará a americana em apenas cinco anos abriu um debate entre especialistas econômicos sobre um iminente fim da "era americana" no cenário mundial.
O debate foi aberto pelo website MarketWatch, do diário financeiro americano The Wall Street Journal.
Em um artigo intitulado "A bomba do FMI: A Era Americana se Aproxima do Fim", o colunista Brett Arends analisa como o avanço econômico chinês põe em questão a hegemonia dos Estados Unidos no cenário mundial.
Os dados são estimativas extraídas do mais recente Panorama Econômico Mundial, o relatório World Economic Outlook, produzido pelo Fundo Monetário Internacional.
Segundo o FMI, em 2016 o PIB chinês medido pelo critério de poder de compra atingirá U$ 19 trilhões e superará o americano (US$ 18,8 trilhões) pela primeira vez na história.
Esse critério de medição do PIB considera o poder aquisitivo em determinado país, considerando não apenas os rendimentos, mas as diferenças de custo de vida entre os países.
Em cinco anos, China e Estados Unidos responderiam, respectivamente, por 18% e 17,7% da economia mundial, indicam as estimativas do fundo.
Por outro critério amplamente utilizado internacionalmente, entretanto, os EUA continuam e continuarão sendo de longe mais poderosos economicamente que a China.
Medido a preços correntes, no qual o valor da produção é convertido em dólares para efeito de comparação, o PIB americano (US$ 18,8 trilhões) ainda permaneceria quase 70% maior que o chinês (US$ 11,2 trilhões) em 2016.
"Fim de uma era"
Após o início da discussão, o FMI respondeu ao WJS, afirmando não considerar adequado o critério usado pela coluna para basear suas ideias.
"Na paridade de poder de compra, os preços são influenciados por serviços não-comerciáveis, que são mais relevantes no plano doméstico que no plano global", disse, em nota, o fundo.
Ainda assim, o colunista do WSJ considerou que a comparação pela qual a China superaria os EUA em 2016 "é a que importa".
"As taxas de câmbio variam rapidamente. E as taxas de câmbio adotadas pela China são falsas. A China mantém a sua moeda, o yuan, artificialmente desvalorizado através de grandes intervenções no mercado", escreve Arends.
"Isto é muito mais que uma questão de estatística. É o fim da Era Americana."
Outros especialistas econômicos acataram a mensagem de longo prazo trazida pela polêmica no WSJ.
Isto é muito mais que uma questão de estatística. É o fim da Era Americana.
Brett Arends, colunista do jornal The Wall Street Journal
Um comentarista econômico do jornal britânico Daily Telegraph notou que as projeções do FMI serão "profundamente preocupantes para muitos americanos que temem que seu país esteja a ponto de ser ofuscado no curto prazo pela China e, mais adiante neste século, a Índia, ambos que, com uma população combinada de 2,5 bilhões de pessoas, fariam os 300 milhões que vivem nos Estados Unidos parecerem poucos".
Os autores da coluna Beyondbrics ("Além dos Bric", em tradução livre), do prestigiado Financial Times, avaliaram que a questão da ascensão chinesa e a queda americana é "um debate contínuo".
Em outros veículos, a "disputa" China x EUA também está em foco. Em dezembro, a revista Economist propôs uma "brincadeira" para tentar definir a data em que o país asiático superará o ocidental pelos critérios de preços correntes.
A revista até criou um gráfico online (http://www.economist.com/blogs/dailychart/2010/12/save_date) no qual os usuários podem incluir os seus próprios parâmetros e assim calcular a data na qual os dois PIBs se cruzarão.
A revista aposta que, mantidas as atuais taxas de crescimento americana e chinesa, e levando em conta uma leve apreciação do yuan, a moeda chinesa, ao longo dos próximos anos, a China superará os Estados Unidos por volta de 2019.
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