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Internacional
Terça - 26 de Abril de 2011 às 09:22

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Um sobrevivente da tragédia nuclear de Tchernobil, na Ucrânia, prevê tempos difíceis tanto no plano da saúde como nos setores econômico e social para as pessoas que vivem perto da central nuclear de Fukushima, alvo de uma crise nuclear de mesma escala.

"O acidente em Fukushima é irmão gêmeo de Tchernobil", afirmou Pavel Vdovichenko, 59. Em 1986, ele vivia em Briansk, a 180 km da central de Tchernobil, uma das zonas mais afetadas pela explosão na usina soviética.

Quando aceitou, há alguns meses, o convite das organizações antinucleares japonesas de visitar o Japão justamente por ocasião do 25º aniversário de Tchernobil, Vdovichenko jamais imaginou que teria de falar de outro desastre nuclear, dessa vez causado pelo terremoto seguido de tsunami registrado em 11 de março.

"As pessoas [de Tchernobil] tiveram que enfrentar o colapso da economia. As empresas quebraram, a agricultura acabou e não houve mais trabalho", explicou o ex-professor de História, que fundou uma associação de ajuda às vítimas.

Ele enfatizou, no entanto, que o principal problema resultante da tragédia diz respeito à saúde. "Muita gente de Tchernobil teve câncer depois do acidente. A mesma coisa pode acontecer em Fukushima", lamentou.

Vinte e cinco anos depois da explosão de um reator na central de Tchernobil, o balanço sanitário continua provocando vivos debates.

Vdovichenko chamou a atenção ainda sobre a delicada questão da discriminação. "Depois de Tchernobil, ninguém queria se aproximar das pessoas que viviam nas zonas contaminadas", contou, citando o exemplo de estudantes que eram obrigados a ficar separados dos outros.

O mesmo tipo de problema já está acontecendo no Japão em relação aos 80.000 evacuados em um raio de 20 km ao redor da central nuclear de Fukushima Daiichi (No. 1).

"As vítimas de Tchernobil e Fukushima devem trabalhar juntas para que jamais aconteça outro desastre nuclear", conclui o militante russo.

DIFERENÇAS

O governo japonês enfatizou mais uma vez nesta terça-feira que os acidentes nucleares registrados em Tchernobil e Fukushima são "de natureza diferente".

"A quantidade radioativa que escapou (em Fukushima) é aproximadamente um décimo do que escapou em Tchernobil", insistiu Yukio Edano, porta-voz do governo japonês.

Em várias ocasiões, a Agência Internacional para a Energia Atômica (AIEA) enfatizou que o acidente de Fukushima era muito diferente do de Tchernobil, principalmente no que diz respeito ao nível das emissões radioativas. Tchernobil e Fukushima, no entanto, foram classificados como desastres de mesmo nível 7 --o mais alto na Escala de Eventos Nucleares e Radiológicos (INES).






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