EUA pedem que seus cidadãos abandonem a Síria
O governo dos EUA instou seus cidadãos a deixarem a Síria, em meio a confrontos entre tropas estatais e manifestantes da oposição em diversas cidades do país árabe.
O Departamento de Estado americano comunicou também que parte de seu corpo diplomático e familiares destes devem abandonar o território sírio.
Na segunda-feira, Washington havia levantado a possibilidade de aplicar novas sanções contra a Síria, em resposta à “violência brutal” empregada contra manifestantes, segundo um porta-voz da Casa Branca.
As possíveis novas sanções poderiam incluir o congelamento de ativos e a proibição de negócios com os Estados Unidos.
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Ativistas dizem que mais de 350 pessoas morreram desde o início das manifestações antigoverno, em março. Não há, no entanto, informações independentes sobre o número total de mortos.
‘Tranquilidade’
Ao mesmo tempo, o governo sírio afirmou em comunicado que suas tropas haviam “restaurado a tranquilidade” no país.
Também afirmou ter detido cidadãos – apesar da suspensão, na última semana, da lei de estado de emergência no país –, que serão levados à Justiça.
O comunicado, divulgado pela mídia estatal, diz que Damasco enviou forças de segurança a diversas cidades a pedido dos próprios cidadãos, preocupados com “extremistas armados”.
O correspondente da BBC no vizinho Líbano, Owen Bennett-Jones, afirma que as comunicações com a Síria estão praticamente impossíveis, mas ele confirma que o governo sírio parece estar no controle da situação.
Na segunda-feira, testemunhas disseram que o Exército promoveu uma ofensiva na cidade de Deraa (sul), usando tanques, cerca de 5 mil soldados e franco-atiradores. Segundo opositores – que pedem reformas políticas -, mais de 20 pessoas morreram.
Há relatos de que as forças de segurança também tenham aberto fogo contra manifestantes em um subúrbio de Damasco.
Acredita-se que os distúrbios em Deraa devam prosseguir nesta terça-feira.
‘Perigo’ para estrangeiros
O Departamento de Estado dos EUA diz que as restrições impostas pelo governo em Damasco dificultam a avaliação sobre a situação da segurança na Síria.
O comunicado da Chancelaria adverte contra a ida de cidadãos americanos à Síria alegando que eles podem estar em perigo, diante da tentativa de Damasco de atribuir a culpa da violência aos estrangeiros.
Os EUA já adotam uma série de sanções contra a Síria.
Desde 2004, está proibida a exportação ao país de produtos que contenham mais de 10% de componentes manufaturados americanos. Em 2006, foram aplicadas sanções específicas contra o Banco Comercial da Síria.
Há ainda sanções específicas impedindo que determinados cidadãos e entidades da Síria tenham acesso ao sistema financeiro americano.
Os Estados Unidos suspeitam que pessoas e entidades incluídas nessas sanções tenham participação em atividades de proliferação de armas de destruição em massa, sejam associadas à rede Al-Qaeda e ao grupo Talebã ou participem de atividades com o objetivo de desestabilizar o Iraque e o Líbano.
Nesta terça, o Conselho de Segurança da ONU deve discutir, em Nova York, um esboço de documento feito por países europeus para condenar a violência na Síria.
Segundo diplomatas, o texto pede moderação por parte do governo sírio e apoia o chamado do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, por uma investigação sobre a morte de manifestantes.
Também nesta terça, o chanceler britânico, William Hague, pediu pelo fim da “repressão violenta” na Síria e disse que Londres vai enviar um “forte sinal” de repúdio a Damasco, por meio do Conselho de Segurança e da União Europeia
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