Os oposicionistas, que exigem democracia, forneceram à BBC uma lista com 40 nomes das pessoas que, segundo eles, teriam sido mortos. Até o momento, o governo do país não confirmou a informação.
O incidente ocorre um dia após a suspensão do estado de emergência que vigorava desde a década de 1960 no país. A medida foi vista por analistas como concessão aos manifestantes, que há semanas vêm realizando protestos.
As mortes nesta sexta-feira teriam ocorrido em protestos em Ezra, uma vila próxima à cidade de Deraa (sul do país) e em um subúrbio da capital, Damasco. Há também relatos de mortes nas cidades de Hirak (na região de Deraa) e Homs (no oeste sírio).
Os protestos desta sexta-feira teriam mobilizado dezenas de milhares de pessoas.
A verificação de informações na Síria é complicada pelo fato de o governo recusar pedidos de entrada no país de organizações internacionais.
Violência
As sextas-feiras são em países muçulmanos um dia tradicional de protestos, que ocorrem após cerimônias religiosas.
A agência estatal de notícias síria Sana disse que foram usados gás lacrimogêneo e canhões d""água nos protestos "para impedir confrontos entre manifestantes e proteger a propriedade privada" e que "algumas pessoas ficaram feridas".
Pelo menos 230 pessoas morreram desde o começo dos protestos, em março. Caso as mortes se confirmem, esta sexta-feira terá sido o dia mais violento de manifestações no país.
Também nesta sexta-feira, os ativistas que coordenam os protestos divulgaram o primeiro comunicado conjunto desde o começo das manifestações. Nele, eles pedem o estabelecimento de um sistema político democrático.
Eles exigem também o fim da tortura, assassinatos, prisões e violência contra os manifestantes; três dias de luto oficial pelos manifestantes mortos até agora; investigações oficiais sobre a morte de manifestantes; a libertação dos prisioneiros políticos e a reforma na constituição síria, incluindo um limite de dois mandatos consecutivos para um mesmo presidente.
Governo
Na quinta-feira, o governo sírio anunciou a permissão para a realização de protestos pacíficos - desde que autorização fosse solicitada com antecedência - e o fim do estado de emergência.
O presidente Bashar Al-Assad, que semana passada disse que não "haveria mais desculpas" para os protestos uma vez levantado o estado de emergência, disse que as exigências dos manifestantes estavam sendo ouvidas.
Mas correspondentes dizem que o governo mantém ainda um amplo leque de opções legais para reprimir os oposicionistas.
As manifestações, inspiradas nos levantes que antecederam a queda dos governos da Tunísia e do Egito e a crise atual na Líbia, são consideradas o maior desafio ao governo de Assad desde que sucedeu seu pai, há quase 11 anos.
O governo sírio responsabiliza muçulmanos sunitas radicais, conhecidos como salafitas, pela crise que vive o país.
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