Marrocos disse que está buscando uma solução política da crise líbia, depois de autoridades marroquinas terem se reunido com representantes de Muammar Gaddafi e dos rebeldes esta semana.
Os rebeldes saudaram os planos dos EUA de enviar aviões sem tripulantes, normalmente operados remotamente desde os Estados Unidos. Mas foi revelado que o mau tempo obrigou os dois primeiros desses aviões enviados à Líbia a retornar.
"A situação certamente se dirige a um impasse", disse em Bagdá o almirante Mike Mullen, presidente do Estado-Maior militar Conjunto dos EUA.
"Ao mesmo tempo, atritamos algo entre 30 e 40 por cento das forças terrestres principais (de Gaddafi), de sua capacidade de forças terrestres. Essas forças vão continuar a se reduzir com o tempo."
Em Misrata, a única grande cidade controlada pelos rebeldes no oeste da Líbia, os rebeldes assumiram o controle de um prédio de escritórios no centro que vinha funcionando como base dos atiradores de elite de Gaddafi e outras tropas, após uma batalha furiosa que durou duas semanas.
Alvenaria destroçada, tanques despedaçados e o corpo incinerado de um soldado do governo se espalhavam perto dos antigos escritórios de seguradoras na sexta-feira, em meio a prédios crivados de buracos de balas.
"Eles atiravam contra qualquer coisa que se mexesse", disse um combatente, falando das tropas de Gaddafi expulsas do lugar.
Rebeldes disseram que capturaram vários outros prédios centrais das forças do governo, e o estado da batalha não parecia confirmar as declarações de funcionários do governo em Trípoli, segundo as quais as forças do governo controlam 80 por cento de Misrata.
Combatentes rebeldes estão travando uma guerra de atrito, quarteirão por quarteirão, contra um inimigo que às vezes se encontra a apenas metros de distância.
"Os combatentes de Gaddafi nos atiçam e zombam de nós. Se estão num prédio próximo, eles gritam à noite para nos assustar. Nos chamam de ratos", contou um rebelde.
Motoristas de ambulâncias do lado rebelde acusam forças do governo de atirar propositalmente contra seus veículos. Autoridades do governo negam atacar civis. Centenas de combatentes e civis já morreram em Misrata durante o cerco. Os combatentes rebeldes expressam frustração com uma operação militar internacional que vêem como sendo cautelosa demais.
A comida e os remédios estão acabando, e há filas para comprar combustível. Os moradores da cidade dependem de geradores para ter eletricidade, e milhares de trabalhadores estrangeiros estão na área do porto, aguardando ser resgatados.
O general James Cartwright, vice-presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, disse que os dois primeiros aviões sem tripulantes (Predators) foram enviados à Líbia na quinta-feira, mas tiveram que voltar devido ao mau tempo.
Os EUA pretendiam manter duas patrulhas de Predators armados sobrevoando a Líbia a todo momento, disse Cartwright.
Os aviões sem tripulantes vêm sendo uma arma potente, mas controversa no Paquistão e outras áreas onde as forças americanas não têm tropas em campo. Eles podem voar sem serem notados desde o chão e atingir alvos com mísseis, sem risco para tripulantes. Mas já mataram muitos civis por engano no Paquistão.
"Não há dúvida de que vão ajudar a proteger civis, e saudamos essa medida por parte da administração americana", disse à televisão Al Jazeera o porta-voz rebelde Abdel Hafiz Ghoga.
A administração Obama está ansiosa por não liderar a campanha da Otan na Líbia. Em lugar disso, tem deixado os bombardeios a cargo de aviões britânicos e franceses e não enviou aviões de ataque terrestre que voam em baixas altitudes, que apenas as forças americanas possuem e que, segundo analistas militares, seriam os mais eficazes contra as tropas de Gaddafi.
Analistas dizem que os aviões Predator são uma maneira de atender aos chamados franceses e britânicos por mais ajuda dos EUA, mas que estão longe de representarem a solução perfeita para decidir a batalha em favor dos rebeldes.
A televisão estatal líbia disse que nove pessoas morreram desde ontem no bombardeio pela Otan de Sirte, a cidade natal de Gaddafi, incluindo funcionários de uma empresa estatal de água.
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que as forças de Gaddafi estão lançando "ataques brutais" contra Misrata e podem ter usado bombas de fragmentação contra civis. Os EUA, assim como a Líbia, não firmou uma convenção que proíbe o uso dessas armas.
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