Sob o status de maior tragédia ambiental da história dos Estados Unidos, o vazamento de petróleo no Golfo do México completa um ano nesta quarta-feira e ainda demonstra a devastação letal que o óleo pode provocar no oceano. Às 20h do dia 20 de abril de 2010, uma explosão na plataforma Deepwater Horizon, da empresa British Petroleum (BP), matava 11 funcionários e iniciava um vazamento diário de quase um milhão de litros de petróleo, que se extendeu por quase duas semanas, e deixou um rastro de morte.
Registrado a 65 km da costa da Louisiana, o acidente provocou uma mancha no mar com a dimensão de alguns países caribenhos, a exemplo de Porto Rico. Um sistema de emergência, que poderia ter evitado o vazamento, falhou em circunstâncias até hoje desconhecidas. Na época, a tragédia levou o presidente americano, Barack Obama, a montar uma força tarefa governamental. Foram instaladas mais de 60 barreiras de contenção, e cerca de duas mil pessoas, com o auxílio de 75 barcos, tentaram retirar do mar o máximo possível de óleo derramado.
Para a natureza, os trabalhos foram em vão. A mancha de petróleo sujou um dos deltas fluviais mais ricos do mundo, o do Rio Mississipi, abrigo de áreas de pesca, tartarugas marinhas e milhões de aves, que morreram ou tiveram a continuidadade da vida comprometida. As imagens dos animais agonizando chocaram o mundo. Somente no dia 16 de julho de 2010, era anunciada oficialmente a interrupção total do vazamento.
Doze meses depois, cientistas ainda estão dividos sobre o impacto da maior tragédia ambiental americana. "É prematuro concluir que as coisas estão boas... Há surpresas vindo. Estamos encontrando bebês golfinhos mortos", declarou à agência AP, a chefe da NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos), Jane Lubchenco. Cerca de 300 carcaças dos animais já foram encontradas desde o vazamento.
"Quando consideramos todo o golfo do México, penso que a restauração natural do local está perto do que era antes do acidente", defendeu Wes Tunnell, da Universidade Texas A&M, responsável por um relatório entregue ao árbitro federal que decide para onde a ajuda financeira do governo vai.
Em 2010, o vazamento, registrado às vésperas do início da temporada, impediu os pescadores de trabalhar. Muitos acabaram contratados pela BP para contribuir com os trabalhos de limpeza. Entretanto, segundo Tim Kerner, prefeito de uma das cidades mais afetadas, Jean Lafitte, em Nova Orleans, assim que a cobertura midiática começou a diminuir e as câmeras de televisão foram atrás de outras histórias, a gigante petroleira passou a demitir pessoas, argumentando que o petróleo haveria "desaparecido".
"Considero uma asneira essa argumento, pois o petróleo ainda está lá", diz o prefeito. Prova disso é que os pescadores ainda encontram camarões e outras espécies com petróleo em seus órgãos. "Ostras não se movimentam, mas caranguejos, peixes e camarões, sim. O oceano não pode ser maléfico e perigoso em um setor e, mais adiante, estar saudável. O que poderia impedir camarões e peixes de ir a uma parte contaminada?". Para ele, um ano após a tragédia na Deepwater Horizon, tanto o governo como a BP ainda têm muito a explicar.
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