O dólar reagiu à melhora no humor externo e fechou em queda ante o real nesta terça-feira, reaproximando-se das mínimas desde agosto de 2008. A moeda americana caiu 0,88%, a R$ 1,576 na venda. Na véspera, a cotação subira 0,76%, em meio a uma onda de aversão a risco após a agência S&P colocar a nota soberana dos Estados Unidos em perspectiva negativa.
"Aquela alta (da véspera) foi pontual. Invariavelmente, sempre que o dólar dá uma subida mais forte ele encontra espaço para ajustar depois, ainda mais com o ambiente melhor no exterior", afirmou Moacir Marcos Júnior, operador de câmbio da Interbolsa do Brasil.
Frente a uma cesta de divisas, o dólar também corrigia e cedia 0,6%. O euro era cotado acima de US$ 1,43, após na segunda-feira registrar o maior tombo diário desde novembro.
Investidores encontravam na safra de balanços corporativos nos Estados Unidos argumentos para retornarem a ativos considerados de maior risco. O índice Standard and Poor"s 500 da Bolsa de Nova York , por exemplo, avançava cerca de 0,5% no final da tarde, amparado pelo forte resultado da Johnson & Johnson .
Em âmbito doméstico, os agentes monitoraram o salto superior a 20% na taxa do cupom cambial (DDI) de três meses, para 5,35%, a maior desde novembro de 2008.
Para Jorge Knauer, diretor de tesouraria do Banco Prosper, no Rio de Janeiro, esse movimento reflete as recentes medidas do governo sobre o câmbio e também expectativas sobre o quadro econômico internacional após a ameaça de corte na nota dos EUA.
"Essa alta de hoje deve abrir espaço para alguma estabilização no cupom nos próximos dias, mas não dá para ignorar que fatores externos, como uma possível diminuição no rating (nota) dos EUA, além das medidas do governo impliquem num cupom mais caro", comentou.
O avanço do cupom cambial diminui a vantagem das operações de abitragem no Brasil, reduzindo o incentivo para a compra de reais com dólares levantados em empréstimos mais baratos na moeda americana feitos no exterior.
O cupom cambial tem firmado movimento de alta desde que as autoridades intensificaram as intervenções para conter a valorização do real. Recentemente, o governo elevou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para empréstimos externos de até 360 dias, ampliando depois esse intervalo para até dois anos.
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