Compra da "Vanguarda" é arquitetada por empresário espanhol Enrique Bañuelos
Pivetta negocia venda de empresa por R$ 1,2 bilhão
Uma das tradicionais empresas de Mato Grosso no ramo da produção de grãos pode ser protagonista de uma das maiores vendas já registrada no universo do agronegócio.
Trata-se da empresa Vanguarda do Brasil de propriedade do ex-deputado estadual Otaviano Pivetta (PDT) que tem a proposta de ser incorporada a estrutura da Brasil Ecodiesel em um negócio estimado em R$ 1,2 bilhão. A informação foi divulgada no jornal O Estado de São Paulo, nesta terça-feira (19).
O interessado em adquirir a empresa Vanguarda do Brasil é o megaempresário espanhol Enrique Bañuelos que planeja construir uma gigante do agronegócio brasileiro a exemplo do que já fez no mercado imobiliário. Bañuelos já incorporou o Grupo Maeda, um dos maiores produtores de algodão e grãos do país, a estrutura da Brasil Ecodiesel.
Metade das ações
No entanto, sem ter como adquirir 100% da companhia Vanguarda do Brasil, que tem 13 unidades de produção divididas em Mato Grosso e no oeste da Bahia, o fundo Veremonte propôs a compra de 50% da empresa.
O acordo envolveu R$ 600 milhões e troca de ações. Com 230 mil hectares, 150 colheitadeiras próprias e três aviões, a Vanguarda foi oferecida a Bañuelos por R$ 1,2 bilhão.
Com isso, a Vanguarda passou a ter dois acionistas - o investidor e o fundador Otaviano Pivetta. Por fim, os dois entraram em acordo para que todas as ações da empresa fossem incorporadas à Brasil Ecodiesel, revela reportagem do Estadão.
Participação de Pivetta
Ao mesmo tempo, Pivetta tornou-se o principal acionista da produtora de biodiesel, com 30% de participação. Natural do Rio Grande do Sul, ele começou a plantar soja no cerrado no início da década de 80.
Desde os 37 anos, tocou a empresa em paralelo com a carreira política: foi prefeito de Lucas do Rio Verde por duas vezes, deputado estadual e, no ano passado, candidatou-se a vice-governador de Mato Grosso na chapa do empresário Mauro Mendes, que acabou derrotado nas urnas.
Após a fusão, a Veremonte passa a ter 22% da Brasil Ecodiesel e o Grupo Maeda, 15%. Ainda assim, a companhia continua sendo uma "corporation" - ou seja, sem controlador.
A fusão com a Vanguarda faz parte da mesma estratégia que levou a Brasil Ecodiesel a incorporar o Grupo Maeda em dezembro do ano passado. "Até então, a Brasil Ecodiesel estava espremida entre dois mundos complicados: dependia das commodities e da Petrobrás (que é quem compra o combustível por meio de leilão)", explica o CEO da Veremonte do Brasil, Marcelo Paracchini.
Expansão
Com o negócio, a companhia deixa definitivamente de ser apenas uma produtora de energia renovável e passa a atuar também nos segmentos de commodities agrícolas e alimentos. "Faz todo o sentido para a gente, num momento em que a soja deve ter alta de mais de 30% este ano e o algodão está com o preço mais alto dos últimos 140 anos."
Com a Vanguarda, o valor de mercado da Brasil Ecodiesel passa de R$ 960 milhões para R$ 2,1 bilhões, com 330 mil hectares plantados. "É um negócio ainda maior que o firmado com a Maeda porque, além de ter uma área maior, a empresa tem equipamentos próprios", diz Paracchini.
O CEO diz acreditar que a operação seja concluída dentro de 40 dias, incluindo realização de auditorias e aprovação na assembleia de acionistas. Dois comitês foram instaurados para tratar da negociação com os minoritários, que somam mais de 25 mil acionistas.
Novos mercados
Ao Midianews, o diretor executivo da empresa Vanguarda, Leonardo Slhessarenko, confirmou a negociação e acredita que este é um dos melhores negócios feitos no agronegócio mundial.
"Será positivo porque vamos alcançar mercados internacionais e potencializar ainda mais a venda dos nossos produtos. É uma operação gigantesca que pode ser o maior negócio já feio no mundo se tratando da produção de grãos.
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