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Nacional
Quinta - 14 de Abril de 2011 às 15:48

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O cenário de pressão de demanda, estoques mundiais reduzidos e incertezas no mercado internacional levaram a instituição a criar um grupo especial para monitorar de perto a variação dos preços das commodities e dos alimentos básicos.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, mobilizou, na quinta-feira passada, um grupo de especialistas do governo para aprofundar o debate e avaliar as tendências da inflação dos alimentos, apurou o Valor. Na sede do BC, ele recebeu o ministro Wagner Rossi e sua equipe para discutir os fundamentos desse fenômeno. E vem mantendo conversas com técnicos dos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Agrário, responsável pela agricultura familiar.

Na reunião, que durou uma hora e meia, avaliou-se que há uma "forte pressão de demanda" sem a devida resposta imediata da elevação da oferta de alimentos. Os preços devem ceder em maio, segundo o consenso dos participantes do encontro no BC. Mas tendem a voltar com força no segundo semestre do ano, a partir de agosto ou setembro.

O que mais assustou o BC - responsável pelo cumprimento da meta de inflação - foi a constatação de que há alta disseminada dos preços dos alimentos. Vários produtos agropecuários subiram ao mesmo tempo, com impacto substancial no índice de inflação, já que 22% do IPCA é composto por esse grupo. Estão no radar do BC o monitoramento de commodities, como soja, milho, café e algodão, além de produtos básicos, como arroz, feijão e hortigranjeiros.

No encontro, primeiro de uma série programada, o grupo avaliou que a demanda segue em alta, a oferta bateu no "teto" e um equilíbrio entre ambos deve demorar. Além disso, os estoques são reduzidos em todo o mundo. Por isso, o recuo dos preços no médio prazo não será substancial. As cotações devem ceder, mas voltarão a subir em seguida. O "sinal vermelho" acendeu, segundo as avaliações, porque os preços estão em alta desde 2010 e a esperança de que recuariam em fevereiro não se materializou.

Produtos como milho, café, soja e algodão estão com preços acima da média histórica. O trigo subiu menos, mas ainda assim encareceu bastante, e a produção interna será insuficiente neste inverno. No caso do arroz, mesmo com as cotações em baixa, há tendência de carestia no segundo semestre. O feijão continua muito instável, volátil, dependendo do impacto das chuvas nas lavouras. Em 2010, ficou caro, porque as chuvas atrapalharam o fluxo das três safras.

Os hortigranjeiros também sofreram com as chuvas. As principais regiões produtoras tiveram perdas sensíveis. Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte, região serrana do Rio e Santa Catarina tiveram precipitações bem acima da média, o que reduziu a oferta e encareceu a produção.

No etanol, cuja cotação disparou nas usinas e ao consumidor, há uma tendência de recuo imediato. Mas o problema voltará a aparecer quando vier a entressafra, em novembro ou dezembro.

Os preços internacionais estão em picos históricos, embalados pela demanda, enquanto a oferta não acompanhou. A situação é considerada delicada em razão de várias incertezas no mercado externo, como, por exemplo, o tamanho e a destinação da safra de milho nos EUA. Os americanos devem despejar a safra na produção de etanol. Além disso, a China passou a ser grande importador de milho e o Brasil é dos poucos que podem atender à demanda. A pressão sobre as cotações do grão impacta os preços das carnes, sobretudo de frango e suínos, alimentados com a ração de milho





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