Polícia Federal apreende quatro mil litros de agrotóxicos e prende três
Agentes da Delegacia da Polícia Federal de Rondonópolis apreenderam nesta terça-feira (12) cerca de quatro mil litros de agrotóxicos falsificados e provavelmente contrabandeados. Três pessoas também foram presas.
A PF acompanhou a quadrilha por alguns dias após receber uma denúncia. Os suspeitos foram presos na saída de um sítio, localizado no município, onde parte do produto era armazenado para depois ser distribuído aos compradores.
De acordo com a Polícia Federal, dois suspeitos deixavam o local em uma camionete F4000 por volta de 9h30, carregando 1.400 litros de agrotóxico falsificado, quando foram surpreendidos pelos agentes. O terceiro suspeito preso é o proprietário do sítio.
Em seguida, mais de 2.500 litros do produto foram localizados camuflados na mata, escondido em diversas caixas, em uma fazenda entre Rondonópolis e Poxoréu. A PF acredita que o dono dessas terras é o falsário responsável pela produção dos agrotóxicos.
Se fosse original, a carga teria o valor de mais de R$ 350 mil, avalia a Polícia Federal que, no entanto, afirmou que não é possível saber, por enquanto, quanto foi gasto na produção ou o valor das falsificações.
Confira nota da Polícia Federal sobre a utilização de agrotóxicos falsificados.
O uso indiscriminado de agrotóxicos contrabandeados e falsificados tem causado problemas sérios já no curto prazo, não só para a Polícia, mas para a Saúde Pública em Mato Grosso. Pela experiência demonstrada pela análise de produtos falsificados apreendidos, muitas vezes são usado princípios ativos extremamente nocivos à saúde humana e à fauna local, que, entretanto, têm um custo muito inferior aos dos produtos mais modernos.
Outras tantas vezes o prejudicado é somente o produtor, pois é comum que se faça a diluição dos produtos, sendo comum encontrar produtos com apenas 10 ou 20% do princípio ativo original.
Em estudo divulgado esse ano pela UFMT, foi constatado a presença de traços de agrotóxico no leite materno na maior parte das mulheres testadas em Lucas do Rio Verde, inclusive de produtos banidos no Brasil há décadas, mas ainda fabricados na China e Uruguai. A contaminação da água e dos alimentos quase certamente se repete em outras regiões produtoras e pode trazer defeitos genéticos nos bebês nascidos de mães contaminadas, além de aumentar exponencialmente os casos de câncer em longo prazo.
Por conta dessas conseqüências é essencial o apoio ao trabalho de repressão desse comércio por parte da Polícia Federal, Anvisa, Ministério da Agricultura e dos órgãos de fiscalização ambiental. Portanto, quem puder informar a respeito de quem fabrica, vende e armazena tais mercadorias nocivas deve fazê-lo através do plantão da Polícia Federal (sem necessidade de identificar-se), uma vez que os produtos contrabandeados hoje são disfarçados com falsificações variadas, e é difícil identificar falsários e contrabandistas sem esse apoio da população.
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