Com a autorização concedida pelo governo chinês para a produção do novo modelo, empresa evitará o fechamento da fábrica no país
Embraer fará jatos Legacy na China
A Embraer fechou acordo para produzir na China o jato executivo Legacy, o que evitará o fechamento da fábrica que a companhia possui desde 2002 na cidade de Harbin, em parceria com a estatal Avic. A empresa brasileira obteve ainda a liberação da venda de dez modelos E-190 que havia sido fechada em janeiro, mas dependia das autoridades de Pequim para ser efetivada.
As decisões deverão ser anunciadas nesta terça-feira, 12, pela presidente Dilma Rousseff e contemplarão ainda novas encomendas de jatos E-190. Com capacidade para até 120 lugares, essas aeronaves fabricadas em São José dos Campos são o produto de maior sucesso da companhia brasileira.
Manter as operações da Embraer na China era um dos princip ais objetivos da visita de Dilma ao país. A empresa gostaria de fabricar o E-190 em Harbin, mas diante da resistência do governo de Pequim acabou propondo a montagem dos jatos executivos, que têm mercado incipiente na China. Até hoje, a Embraer já vendeu três Legacy e um Lineage a clientes chineses, com preços de US$ 30,5 milhões e US$ 50,5 milhões, respectivamente.
A fábrica de Harbin produz atualmente o avião de pequeno porte ERJ-145, cujas duas últimas encomendas serão entregues no fim deste mês. Esse modelo não encontra mais demanda no mercado local e a fábrica seria fechada se não se chegasse a uma solução na visita de Dilma.
Além de definir a questão do investimento da Embraer no país, o governo brasileiro também quer obter garantias de que os contratos de exportação assinados pela empresa com clientes chineses sejam cumpridos.
Essas operações dependem de licenças de importação, o que dá ao governo chinês poder para interferir nas decisões de compr a das companhias aéreas e vetar operações que considere contrárias a seus interesses.
A Embraer é a principal companhia do mercado de aviação regional da China e já vendeu ao país 65 jatos E-190 fabricados no Brasil. Desses, 38 foram entregues, mas os restantes 27 dependem das licenças de importação. Se não forem concedidas, os contratos não serão cumpridos. A China se tornou em 2009 o segundo mercado da Embraer, atrás apenas dos EUA. Os embarques de aviões para o país asiático somaram US$ 348,65 milhões naquele ano e atingiram US$ 368,4 milhões em 2010, cifra inferior só aos US$ 423,7 milhões vendidos aos americanos.
O mercado de aviação da China é o que mais cresce no mundo e analistas estimam que o país vá comprar entre 800 e 900 aeronaves com menos de 120 lugares nos próximos 20 anos. O problema é que a China começará a competir com o próprio avião regional, o ARJ21, de 70 a 90 lugares - concorrente direto do E-190. A previsão é que as primeiras aeronaves c omecem a ser entregues neste ano.
Analistas afirmam que há lugar para todos, pois a China sozinha não será capaz de atender a demanda. Mas o governo de Pequim pratica uma política industrial agressiva, que prioriza as empresas nacionais ou produtos fabricados no país. Outro fator que turva o horizonte da Embraer na China é o acordo de cooperação estratégica de longo prazo entre a fabricante do avião regional chinês, a Comac, e a canadense Bombardier, principal rival da companhia brasileira.
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