Os rebeldes líbios condicionaram uma solução diplomática do conflito à queda do coronel Muammar Kadafi, que está no poder há 42 anos, enquanto França e Grã-Bretanha criticaram a Otan por não fazer o suficiente para proteger os civis dos ataques das tropas do regime.
Ao mesmo tempo, a União Africana (UA) fez um apelo ao Conselho Nacional de Transição (CNT) por uma "cooperação plena, no interesse supremo da Líbia".
Na segunda-feira, a rebelião líbia rejeitou em Benghazi, região leste do país, o cessar-fogo proposto pela delegação de presidentes da UA e aceito por Kadafi.
"O povo exige a saída de Kadhafi e seus filhos", declarou Mustafah Abdelkhalil após um encontro com a delegação africana, cuja proposta considerou superada.
A UA propôs um cessar-fogo imediato, o envio de ajuda humanitária e o início de um diálogo para a transição, mas sem contemplar a saída imediata de Kadafi.
O chefe da diplomacia britânica, Willian Hague, declarou que não há futuro viável para a Líbia sem a queda de Kadafi.
Mas, na segunda-feira, o filho mais velho de Kadhafi, Seif al-Islam, classificou de "ridícula" a menção a uma eventual renúncia do pai.
Mais de três semanas depois do início da intervenção internacional, em 19 de março, que passou a ter o comando da Otan em 31 de março, França e Grã-Bretanha criticaram o desempenho da Aliança Atlântica.
"Precisamos que a Otan cumpra totalmente seu papel. A Aliança Atlântica não faz o suficiente", declarou o chanceler francês Alain Juppé.
"A Otan quis assumir o comando militar das operações e nós aceitamos. Hoje ela deve cumprir seu papel, ou seja, evitar que Kadafi volte a utilizar armamento pesado para bombardear a população", completou Juppé.
Para Hague, a Otan deve intensificar os esforços militares na Líbia para proteger melhor a população civil.
As declarações, que coincidem com a crescente preocupação de que o conflito líbio fique ainda mais violento, foram feitas na véspera da primeira reunião do Grupo de Contato sobre a Líbia, que deve acontecer no Qatar.
No campo de batalha, fontes rebeldes e médicas anunciaram a morte de três civis em Ajdabiya, todos vítimas de disparos das forças de Kadafi.
Desde sábado, os combates de Ajdabiya, posição estratégica 160 km ao sul de Benghazi, provocaram a morte de 50 pessoas, principalmente soldados do governo bombardeados pela Otan.
O ex-chefe da diplomacia líbia Mussa Kussa, refugiado na Grã-Bretanha, advertiu que se o conflito for prolongado, a Líbia "pode virar uma nova Somália".
"A união da Líbia é essencial em qualquer solução do conflito", declarou Kussa, que nesta terça-feira viajou ao Qatar para participar da reunião do Grupo de Contato.
No campo econômico, a crise líbia continua pesando sobre o preço do petróleo, destacou a Agência Internacional de Energia (AIE).
"Há um risco real de que um petróleo a mais de 100 dólares o barril não seja compatível com o ritmo da recuperação econômica mundial", afirma a agência em seu relatório mensual.
"A perda da produção líbia e o aumento dos preços entre 25-30% desde o início da crise em meados de fevereiro provocaram até o momento poucas respostas da parte dos outros membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep)", destacou a AIE
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