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Internacional
Segunda - 11 de Abril de 2011 às 23:05

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Um brasileiro que alega inocência vai completar dois anos e meio de prisão nos Estados Unidos sem ter sido julgado. Quem informa é o correspondente Rodrigo Bocardi.

Centro de detenção de Yavapai, Arizona. Entre os presos, o brasileiro Ricardo Costa. Ele foi para a prisão depois de se separar da mulher, a americana Angela Martin, e depois que os filhos passaram a frequentar um consultório de psicologia.

Ricardo foi acusado de abusar sexualmente das crianças: o menino Sage, a Rosie, e o caçula Eden. Segundo o irmão de Ricardo, os filhos, no decorrer de um ano, foram induzidos mentir para a polícia.

“As crianças assumiram que elas eram molestadas numa idade menor”, pergunta o repórter. “Sim, no final das entrevistas, sim. Mas no começo quando as foram perguntadas nunca existiu absolutamente nada”, diz o irmão de Ricardo, Rafael Costa.

Com os diagnósticos da psicóloga e as entrevistas feitas pelos policiais, a mãe foi à Justiça. Ricardo acabou preso quase dois anos e meio atrás. Nesse período o caso passou pela mão de quatro juízes e quatro promotores. A cada mudança, recomeçava o prazo máximo de 150 dias, previsto na lei americana, para que um preso seja julgado.

“A única coisa que a gente está brigando há mais de dois anos é que a gente tenha um julgamento e possa ser ouvido”, conta Rafael.

A psicóloga Linda Bennardo, que trabalhou com os filhos de Ricardo, perdeu a licença para exercer a profissão. O motivo: ter influenciado outras crianças, em outros casos, a dizer mentiras.

A equipe do Jornal Nacional procurou a psicóloga, mas só encontrou consultórios vazios. E, por telefone, nenhuma resposta.

Linda participou de três casos semelhantes na cidade de Sedona, no interior do Arizona. De todos os envolvidos, Ricardo é o único brasileiro, o único que foi preso. Os outros foram inocentados.

A equipe foi autorizada a entrar na cadeia, mas sem câmera. Ricardo disse que recebeu mais de 20 vezes uma proposta para assumir a culpa pelo crime. Ele ganharia a liberdade, como prevê a lei do Arizona, seria deportado para o Brasil, não veria mais os filhos e o caso estaria encerrado.

Durante a conversa dentro da prisão, Ricardo Costa afirmou que está disposto a morrer na prisão. Ele disse que não vai confessar nenhum crime que não cometeu em troca da liberdade.

Por telefone, ele explicou: “Se eu assinar, eu estaria fazendo com que meus filhos soubessem de algo que não é verdade e fossem assombrados por essa mentira pelo resto da vida deles”, diz Ricardo.

A equipe tentou ouvir a ex-mulher de Ricardo. Primeiro, encontrou a casa vazia. Depois, a filha Rose atendeu. Quando a equipe disse que estava procurando a Angela. E a resposta: “Ela não quer falar”. Foram feitas mais de 15 ligações para o advogado de Angela e nenhum retorno.

A Justiça deu a Ricardo a chance de responder ao processo em liberdade. Mas, para a família, o valor da fiança é mais uma forma de pressioná-lo a assumir a culpa neste caso: US$ 75 milhões, o equivalente a R$ 125 milhões. Em dinheiro vivo é a maior fiança estipulada pela Justiça americana.

Sem ter como pagar, o brasileiro Ricardo Costa continua preso e muitas pessoas continuam sem saber onde está a verdade nessa história.





Fonte: Do G1

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