A rejeição dos rebeldes ao plano ocorreu menos de 24 horas depois de o presidente sul-africano, Jacob Zuma, chefe de uma missão da União Africana, anunciar que Gaddafi aceitara o plano, incluindo uma proposta de cessar-fogo.
Enquanto presidentes africanos negociavam com a liderança dos rebeldes em Benghazi, seu principal reduto, insurgentes disseram que as forças de Gaddafi bombardearam a cidade de Misrata, a oeste.
Os rebeldes de lá zombaram dos relatos de que Gaddafi teria aceitado a trégua, e disseram que as forças do governo estavam atirando foguetes na cidade e travando um combate casa a casa.
Líderes ocidentais também rejeitaram qualquer acordo que não inclua a saída de Gaddafi, e a Otan se recusou a suspender os ataques às forças dos governo enquanto não houver uma trégua plausível.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse a jornalistas em Bruxelas que o governo de Gaddafi já anunciou um cessar-fogo no passado, mas "não cumpriu suas promessas".
Em entrevista coletiva após a reunião em Benghazi, o líder rebelde Mustafa Abdel Jalil disse que "a iniciativa da União Africana não inclui a saída de Gaddafi e de seus filhos a partir do cenário político líbio, e portanto está desatualizado".
"Qualquer proposta futura que não incluir isso - não poderemos aceitar", acrescentou, acusando novamente Gaddafi de realizar ataques contra civis.
A Otan afirmou que seus ataques aéreos contra os blindados do governo serão mantidos enquanto os civis continuarem sendo alvos de Gaddafi.
CERCO A MISRATA
Um morador da cidade costeira de Misrata, sitiada há seis semanas, disse à Reuters que houve pesados combates no seu acesso pelo leste e no centro.
Os rebeldes disseram à Reuters que a situação dos civis é desesperadora, e que as forças de Gaddafi ampliaram sua agressão, disparando pela primeira vez foguetes russos Grad, montados sobre caminhões.
Antes, a TV Al Jazeera disse, citando um porta-voz dos rebeldes, que cinco pessoas morreram e 20 ficaram feridas em Misrata, um bastião rebelde isolado no oeste da Líbia.
Alguns analistas dizem que Misrata é vital para a sobrevivência de Gaddafi, porque seu porto abastece Trípoli, a capital.
A entidade Human Rights Watch acusou as forças de Gaddafi de cometerem ataques indiscriminados contra civis em Misrata, violando o direito internacional. A ONG disse que cerca de 250 pessoas morreram.
Em Washington, a Casa Branca disse que as forças da coalizão não irão "abrandar" os ataques.
A proposta da UA incluiu o fim imediato das hostilidades, um controle eficaz do cessar-fogo, a entrega de ajuda humanitária e a proteção dos estrangeiros.
Os rebeldes já haviam rejeitado uma solução negociada para a crise, a mais sangrenta em uma série de revoltas no mundo árabe, que já resultaram na queda dos governos autocráticos da Tunísia e do Egito.
(Reportagem adicional de Alex Dziadosz em Ajdabiyah, Mariam Karouny em Beirute, Richard Lough em Rabat, Christian Lowe em Algiers, Foo Yun Chee e David Brunnstrom em Bruxelas e Karolina Tagaris em Londres, David Clarke em Nairóbi)
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