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Segunda - 11 de Abril de 2011 às 11:17

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Ilustração

Um trecho de 390 km das rodovias federais de Mato Grosso, entre Rondonópolis e Diamantino, é onde ocorre metade dos acidentes registrados nos 6 mil quilômetros de BRs do Estado. Os 210 km entre Rondonópolis e a Capital e os outros 180 que seguem até Diamantino (Posto Gil), onde as BRs 364 e 163 se sobrepõem, são apontados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) como os mais críticos e perigosos.

E os índices da violência no trânsito aumentam a cada ano. O primeiro trimestre do ano já registrou 69 mortes em acidentes nas estradas federais do Estado, contra 53 ocorridos no mesmo período do ano passado, representando 30% a mais de vítimas, o que é muito preocupante na opinião do inspetor Alessandro Dorileo, chefe do núcleo de Registro de Acidentes e Medicina Rodoviária da PRF em Mato Grosso. Já foram mais de 880 acidentes, 360 feridos e cerca de 1.530 veículos envolvidos entre 1º de janeiro e 31 de março. A imprudência dos motoristas, aliada a condições precárias das vias e o uso de substância entorpecentes por motoristas contribuem para o aumento das tragédias.

Com a aproximação do feriadão de 21 e 22 de abril, onde o fluxo nas rodovias deve aumentar, a PRF já se antecipa no planejamento de ações preventivas e educativas, buscando reduzir o número de acidentes e, consequentemente, mortes. O fato do fluxo de veículos pesados ser constante nas rodovias, durante todos os períodos do ano, exige uma fiscalização ainda maior.

Uma destas ações foi a primeira edição deste ano do programa Rota Cidadã, realizado no dia 23 de março no Posto 10, na rodovia MT-407, a Rodovia dos Imigrantes, em Cuiabá, onde foram avaliados 262 caminhoneiros. A preocupação com os motoristas de cargas, lembra Dorileo, se justifica pelo fato de 75% da frota circulante nas 5 rodovias federais que cortam o Estado ser de veículos pesados. Com isso a classe sempre acaba envolvida em acidentes.

O uso de anfetaminas e álcool está por trás de muitas das tragédias, mesmo que em um primeiro momento o uso destas substâncias não apareça. Mas, ao longo das investigações, fica claro que o motorista dormiu ao volante ou perdeu o controle da direção pelo uso de substâncias entorpecentes, lembra o inspetor.

Somente no ano passado, 1.487 motoristas foram entrevistados durante o Rota Cidadã. Destes, 690 confirmaram que associam bebidas alcoólicas e direção. Outros 288 usam medicamentos impróprios e 495 admitiram que desempenham uma carga horária excessiva. A sonolência diurna foi apontada como rotina em 368 entrevistados, informou o chefe do núcleo.

Existe uma estreita relação entre as condições de saúde dos condutores e os riscos de se envolverem em acidentes. Praticamente dois terços dos entrevistados estavam acima do peso (893) e um terço sofria de hipertensão (537). Outros 206 apresentavam problemas de visão e 173 apresentavam alto nível de glicose no sangue. A associação das drogas e os problemas já crônicos podem acarretar a morte do condutor, que em seguida provoca o acidente. No caso das anfetaminas (rebites) a taquicardia e o aumento da pressão sanguínea, tremores e arritmia do coração podem provocar uma parada cardíaca.

O uso de cocaína e crack, associada ao álcool, tem sido uma prática comum por motoristas que substituíram as anfetaminas por outros métodos de mantê-los acordados. "Apesar de fazermos vistorias nas estradas, é difícil localizarmos estes materiais dentro dos grandes veículos, já que podem ser facilmente escondidos", comenta Dorileo. Segundo ele, apenas a conscientização dos motoristas de que o uso destes produtos pode tirá-lo definitivamente das estradas é que poderá mudar o quadro atual.

Imprudência - A falta de atenção e a imprudência ainda são os principais geradores de acidentes e mortes nas rodovias. Dos 3.741 acidentes registrados no ano passado pela PRF de Mato Grosso, 1.466 foram motivados pela falta de atenção. As maiores ocorrências foram de saídas de pista (938), colisão traseira (804) e colisão lateral (622). Tanto que em 2.140 acidentes o céu estava claro. Em apenas 495 deles chovia em 491 o tempo estava nublado. Em 2.804 acidentes a pista estava seca.

Outro dado importante da PRF é que 59% dos acidentes acontecem durante o dia. Os horários mais críticos são entre 7h e 12h, quando foram registrados 920 acidentes em 2010, e entre às 15h e 20h, com 1.263 registros. Dorileo lembra que além de ser o horário com maior fluxo de veículos, a pressa dos motoristas em chegar a outros pontos para as refeições e descanso também acaba influenciando no aumento de ocorrências.

A previsão é que praticamente todo o efetivo da PRF, inclusive o administrativo, ocupe as 5 rodovias federais durante a Operação Páscoa. São 17 postos subordinados a 8 delegacias. Do efetivo de 440 policiais rodoviários, 300 estão atuando nas rodovias, com 100 por plantões.

Crítico - Quanto aos problemas estruturais do trecho mais crítico, onde o intenso fluxo de veículos se espreme entre Rondonópolis e o Posto Gil, a assessoria de imprensa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que o trecho, de 107 quilômetros de extensão, onde as BRs 364, 163 e 070 se sobrepõem, está em obra de duplicação. O material utilizado é o pavimento rígido (concreto), que é mais resistente em percursos de serra. A previsão de conclusão até o Posto Gil é no ano de 2013. O trecho duplicado entre Cuiabá e Várzea Grande está contemplado com a construção de viadutos, passarelas, acessos e vias marginas, cujas obras estão em licitação, segundo o órgão.

Ainda este ano, o Dnit anuncia as obras da 2ª etapa do Contrato de Restauração e Manutenção de Rodovias (Crema), que tem o objetivo de aumentar o tempo de vida útil dos pavimentos em uma extensão de 2.148 quilômetros com investimentos de R$ 550 mil por quilômetro, chegando a um investimento total aproximado de R$ 1 bilhão. Neste tipo de contrato é feita a intervenção profunda do pavimento nos 2 primeiros anos de contrato. Nos 3 anos seguintes as contratadas ficam responsáveis pela manutenção.






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