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Nacional
Segunda - 11 de Abril de 2011 às 06:55

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A exclusão social e a percepção de injustiça por parte dos que a sofrem se transformou em um grande motor de violência no mundo e explica revoltas como as do Oriente Médio e do Norte da África, segundo o Banco Mundial (BM).

O organismo diz em seu novo "Relatório sobre Desenvolvimento Mundial" publicado neste domingo uma clara divisa entre a violência do século XX e os episódios violentos do século XXI em que vivemos.

"O século XX se caracterizou pelas guerras entre países e na última parte do século por conflitos civis", afirmou em entrevista coletiva Sarah Cliffe, co-diretora do relatório, que destacou o progresso na erradicação das guerras civis, que são uma quarta parte menos que há 30 anos.

"Ao contrário do século passado, agora há novos ciclos de violência que envolvem repressão política, protestos sociais e em alguns casos violência criminosa, que ameaçam os avanços nos processos de paz e têm um grave impacto sobre o desenvolvimento", disse Sarah.

As elevadas taxas de desemprego juvenil, a desigualdade, a corrupção e a fraqueza institucional aparecem no relatório entre os principais desencadeantes de violência.

O estudo do BM mostra, por exemplo, que os países com instituições débeis têm entre 30% e 45% mais probabilidades de viver conflitos civis e um risco muito maior de sofrer violência criminal.

Nigel Roberts, co-diretor também do relatório, assinala que quando se analisam as pressões internas que conduzem à violência, um tema recorrente é a percepção de injustiça e exclusão.

"Acho que isso ajuda muito a explicar o que ocorreu recentemente no Oriente Médio", afirmou Roberts.

Na sua opinião, o que provoca frustração e raiva entre os desempregados é a sensação de que eles estão sendo excluídos de algo a que têm direito, por causa da ineficácia de instituições alheias às necessidades de seus povos.

Às pressões internas, destacaram os analistas, se somam riscos externos como as redes de crime organizado e narcotráfico.

O estudo lembra que cerca de US$ 1,5 bilhão de pessoas vivem em países com ciclos recorrentes de violência política e criminal.

Essa violência se transformou em um dos grandes empecilhos para o desenvolvimento, como evidencia o que os habitantes de países com conflitos tenham o dobro de possibilidades de sofrer de desnutrição e 50% mais possibilidades de serem pobres.

O estudo assinala que os ciclos de violência tendem a se repetir e lembra que 90% das guerras civis da última década ocorreram em países que já tinham sofrido um conflito civil nos últimos 30 anos.

Ao anterior se soma a aparição de novas formas de violência. O estudo menciona que países que negociaram com sucesso acordos políticos e de paz, como El Salvador, Guatemala e África do Sul, enfrentam agora elevados níveis de crimes violentos que limitam seu desenvolvimento.

Para solucionar o problema é necessário, segundo o BM, fortalecer as instituições e melhorar a governabilidade de modo que se dê prioridade à segurança cidadã, à justiça e ao emprego.

O estudo assinala que os países que conseguiram superar a violência o fizeram mediante múltiplos momentos de transição.

"Os líderes nacionais tiveram que gerar confiança no estado e transformar as instituições com o tempo", diz o relatório que menciona o sucesso nas transições à democracia após as ditaduras militares sofridas pelo Chile e pela Argentina.

Sarah também achou encorajadora a experiência da Colômbia onde, disse, se reduziram de forma "dramática" os homicídios e os sequestros nos últimos anos.

Destacou os recursos investidos na prevenção da violência e a coordenação entre agências governamentais que tratam temas de segurança, justiça e desenvolvimento.

Precisou, de todo modo, que o país ainda enfrenta desafios como reforçar seu sistema judiciário e lutar contra a impunidade em processos e investigações abertas no país.

A organização Oxfam assinalou em comunicado que o relatório fracassa em assinalar que o impacto pode ter a ajuda a curto prazo concentrada em alvos militares ou de segurança na hora de exacerbar a violência.

"Vemos um aumento preocupante no nível de ajuda politizada ou militarizada", destacou a Oxfam.





Fonte: EFE

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