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Internacional
Sábado - 09 de Abril de 2011 às 21:21

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A junta militar que governa o Egito disse, neste sábado, que reprimiria manifestantes na principal praça do Cairo com "firmeza e força" para garantir que a vida voltasse ao normal.

Um oficial militar de alto escalão atribuiu a culpa pelos distúrbios recentes na praça Tahrir a "elementos que apoiavam a contrarrevolução", numa referência às pessoas leais à administração do presidente deposto, Hosni Mubarak.

Duas pessoas morreram na noite de sexta-feira no Cairo, quando a polícia militar tentou dispersar os manifestantes que pediam a saída do chefe do exército, dois meses após a renúncia do presidente Hosni Mubarak, que confiou a ele o governo do país.

São as duas primeiras mortes em manifestações desde a queda de Mubarak, em 11 de fevereiro.

Médicos disseram que, além das vítimas fatais, pelo menos 18 outras pessoas ficaram feridas na passeata, realizada na praça Tahrir, epicentro do movimento contra Mubarak.

O ministério da Saúde divulgou um balanço oficial de um morto e 71 feridos, alguns atingidos por disparos, outros com problemas respiratórios provocados pelo gás lacrimogêneo e machucados por todo o corpo, resultado de violentas surras. Testemunhas dizem que são dois mortos.

Na manhã deste sábado, a polícia militar disparou rajadas de armas automáticas para o alto, em mais uma tentativa de dispersar o protesto, segundo testemunhas.

Um ônibus militar e um caminhão civil foram incendiados, e a poucos metros de distância havia um caminhão do exército parcialmente queimado. A polícia militar cercou a praça com alambrados de arame farpado, enquanto o chão estava coberto das pedras atiradas pelos manifestantes.

VIOLÊNCIA

A violência provocou o fechamento por tempo indeterminado do Museu Egípcio, situado ao lado da praça Tahrir, segundo o secretário de Estado para Antiguidades, Zahi Hawas.

Testemunhas contam que o exército bateu nos manifestantes e usou munição real para dispersá-los.

"Não usamos munição real", reagiu um oficial do exército, que pediu o anonimato e afirmou que uma investigação já estava em curso para apurar o ocorrido.

Na tarde deste sábado, cerca de mil pessoas continuavam em vigília na praça Tahrir.

Na véspera, dezenas de milhares de egípcios retornaram à emblemática praça para exigir que Hosni Mubarak, seus familiares e aliados sejam julgados por corrupção e outros crimes.

Além disso, criticaram abertamente o exército, que está governando o país.

Alguns manifestantes afirmam que pretendem permanecer na praça Tharir até que o marechal Husein Tantaui, de 75 anos, que coordena o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA, formado por cerca de 20 generais, que assumiu após a queda de Mubarak) deixe o posto.

"Eu vim à Tahrir porque estamos assistindo a uma contrarrevolução", denunciou o estudante Malik Asam, que participa do protesto.

"Esperava ver a outra face do exército. Se continuar assim, eles verão a outra face do povo", advertiu por sua vez Anas Mohamed, outro estudante.

Apesar de estritamente proibidos pelo comando militar, sete oficiais do exército egípcio se manifestaram para apoiar os manifestantes e pedir uma limpeza nas forças armadas.

Assim que assumiu, o exército prometeu devolver o poder aos civis no final do ano, depois da realização de eleições presidenciais e legislativas. Muitos egípcios temem que os círculos do regime de Mubarak se reciclem para perpetuar-se no poder.






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