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Sexta - 08 de Abril de 2011 às 13:21
Por: Izabela Andrade e Thais Tomie

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Cena cotidiana da Avenida Rubens de Mendonça
Cena cotidiana da Avenida Rubens de Mendonça

Cuiabá completa 292 anos de fundação nesta sexta-feira, dia 8, vivendo um dos piores momentos de sua rica história. Apesar da população demonstrar orgulho e até mesmo satisfação de morar na Capital de Mato Grosso, os indicadores sócio-político e urbanísticos são perversos. O crescimento desordenado e a precariedade dos serviços como saneamento básico, saúde, infraestrutura, transporte coletivo, aliado aos  elevados índices de violência, hoje, caracterizam uma cidade a beira do caos. Se já não for o caos. Outrora, a Cidade Verde, conhecida também como  Centro Geodésico da América do Sul e Portal do Pantanal, vive um compasso de espera demolidor pelas tais obras da Copa do Mundo, apresentadas  como a solução de tudo.

De mão atadas, os mais de 600 mil habitantes – conforme aponta dados do último Censo realizado pelo IBGE - assistem de camarote a degradação da cidade. O atual prefeito, Francisco Galindo, do PTB, que chegou a chefia do Executivo Estadual com apenas três anos de carreira política, dos quais um como vice, já comete os mesmos erros de muitos dos seus antecessores, qual seja, de acabar aceitar o casuísmo político, deixandeo de adotar medidas que assegurem a estruturação da cidade.

Exemplos de uma gestão que padece de coragem pode ser medida pelos R$ 40 milhões que a Prefeitura acaba de ser presenteada pelo Governo do Estado. O plano de aplicação tenta otimizar o dinheiro  pelo remendo, os famosos tapa-buracos que só fazem bem ao bolso dos donos das empreiteirinhas que circulam de um lado para o outro nos corredores do Palácio Alencastro e também do Palácio Pascoal Moreira Cabral – sede do poder legislativo. Com o dinheiro em caixa, começam a sair os buracos e entram em cena os “calombos”, graças ao serviço mal feito.

 

 
 

 
Galindo erra ao não atacar o problema na raiz, qual seja, fazer menos, mas fazer bem feito em  uma cidade desgastada pelo tempo. A exemplo de tantos outros, o próprio prefeito tem confessado que o problema de Cuiabá está na falta de estrutura. O asfalto é velho, falta galerias de águas pluviais, enfim. Porém, ele, como muitos outros que passaram pela chefia do Executivo municipal não enfrentam o problema histórico.

 A inoperância pública passa ainda pelo amadorismo que impera na organização do trânsito da cidade. O atual secretário Edivá Pereira Alves, tem se mostrado caolho ao não perceber que a mobilidade urbana não se faz com uma cidade engessada, mas com medidas firmes que compatibilizem o combate aos engarrafamentos e a proteção da vida. Sem aplicar um mísero centavo em educação no trânsito, a SMTU prefere “usar o dinheiro” com confecção de adesivos e contratação de equipes para dizer “feliz aniversário Cuiabá”. Opta por distribuir sinaleiros para pedestres ao invés de ensinar as boas maneiras de se dirigir e se comportar nas vias públicas. Um breve olhar nas faixas de segurança para pedestres dá a exata dimensão da falta de visão – literalmente.

Aliás, Alves prefere atribuir o caos no trânsito aos bons índices econômicos da população, fator qu permitiu a compra de carros. Verdade que foi um “boom”. Na contra-mão, o secretário e o prefeito se esqueceram de sua atribuição e vêm apenas se queixando.

A decantada Avenida das Torres está subutilizada por falta de acessos específicos à via. Tanto a Jurumirim como a Avenida dos Trabalhadores, no horário de pico, se esbarram no caos absoluto. As duas avenidas mais se parecem com um campo de treinamento para a guerra. Um binário poderia ajudar na solução do caos. Mas... Da mesma forma, a Carmindo de Campos, o maior corredor comercial da cidade, toda irregular e mal sinalizada.

Para resumir o sentimento: de acordo com a pesquisa “Nossa Casa”, do Instituto Vetor, entre os serviços públicos que mais causam insatisfação à população cuiabana está, o trânsito – parte pela péssima engenharia de tráfego, se é que ela existe; parte, obviamente, pela situação das vias públicas. O índice de insatisfação beira a 70% dos chefes de família. Ou seja: é muita gente reprovando a administração do segmento. Detalhe: o transporte coletivo, que está dentro do aspecto da mobilidade urbana,  segundo mostra a pesquisa, deteriorou muito nos últimos dois anos. De acordo com os índices, 55,1% reprovam o segmento. Pior: O grau de melhoria desse serviço chegou ao pior percentual desde 2001, saindo dos 49% para os 13,1% atuais.

“O trânsito está um caos. Estamos num ciclo vicioso que vai entrar em colapso e parece que ninguém ainda se deu conta” – diz Gilberto Pereira do Nascimento, engenheiro aposentado, que se diz triste com a situação da cidade, mas que se diz orgulhoso de viver em Cuiabá.

Os recursos, em verdade, são escassos. No entanto, há também falta de planejamento e visão de futuro. Encastelados no Palácio e salas refrigeradas com ar condicionado, os gestores – incluindo ai os auxiliares, parecem mais preocupados em afinar a burocracia que sentir os anseios do povo, desconhecendo os gargalos de uma cidade que vai se expandindo e exigindo organização do poder público, além de coragem. Como a demonstrada pelo atual prefeito Galindo ao bater a mão na mesa e dizer que iria aumentar o valor venal do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Deu um passinho atrás, mas manteve a palavra.

Outro indicador que coloca a Prefeitura na berlinda – não por culpa apenas do atual gestor, de quem se cobra firmeza e planejamento adequado, em sintonia com os anseios populares, mas por uma centena de equívocos de gestores passado – está na saúde. É a pior dos últimos 10 anos. Para tanto, basta olhar a galeria de secretários da SMS. É difícil saber quem é que está de plantão. A população de Cuiabá fica a mercê de uma saúde municipal sem condições, sem estrutura e sem investimento.

O problema já superou, para se ter uma idéia, a preocupação com a segurança pública, que também capenga – embora essa seja uma responsabilidade do Estado. Junto com a saúde, vem o desconforto da coleta de lixo – que entra ano e sai ano segue sendo dominada por um sistema complexo que denota relativos jogo de interesses.

Maltratada por uma série de maus governos, Cuiabá têm seu desenvolvimento econômico andando a passos lentos e o único acalanto, em meio ao caos urbano existente, está diretamente condicionado ao advento dos jogos da Copa do Mundo de 2014.  Este talvez seja o momento mais importante da cidade, pois trouxe ao cuiabano as perspectivas reais de desenvolvimento à cidade, a partir das obras de mobilidade urbana e a construção da Arena Multiuso. Obras essas, que caminham a passos de “tartaruga”, mas, alimentam a esperança e a chama de que a capital de Mato Grosso estará pronta e habilitada para fazer um bonito espetáculo.

 






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