O cálculo foi realizado pelo Comitê Cientista da ONU sobre os Efeitos da Radiação Atômica (Unscear) em um relatório que explica o registro de 32 acidentes mortais entre 1945 e 2007, fatos nos quais a contaminação radioativa causou ferimentos em 623 pessoas.
O relatório, que exclui os dados do acidente na usina ucraniana de Chernobyl ocorrido em abril de 1986, o mais grave da história, assegura que o uso de radiação no diagnóstico médico foi nesses anos a principal causa de acidentes.
O Unscea diz que "é provável que não se tenha informado sobre algumas mortes e muitos feridos no uso médico da radiação".
"Erros humanos, distração, erros na aplicação de procedimentos e guias de segurança, equipes e consertos defeituosos, formação inadequada, perda de controle e abandono de fontes (radioativas) provocaram acidentes nos últimos 60 anos e, provavelmente, os causarão no futuro", diz a Unscear.
As 46 mortes mencionadas por este comitê da ONU estão relacionadas com fatos em usinas nucleares, instalações com armas atômicas, uso de raios X e perda e roubo de materiais radioativos.
A esse número de mortes é preciso acrescentar as provocadas por Chernobyl, que o Unscear limitou em relatórios a 47.
Além das mortes confirmadas, o documento se refere a centenas de feridos afetados pela radioatividade.
"Os ferimentos graves conduziram frequentemente a amputações. Alguns trabalhadores feridos desenvolveram a síndrome de radiação aguda e foram e resultaram em amputações múltiplas", relata o Unscear em comunicado.
No total, centenas de pessoas precisaram de tratamento médico devido a ferimentos e inclusive problemas psicológicos causados pela radioatividade.
O número total de acidentes (com ou sem vítimas) relacionados com o uso da energia atômica se situa em 203, uma média de três por ano nas seis últimas décadas.
Em fevereiro, o Unscear apresentou suas conclusões atualizadas sobre Chernobyl, em um relatório que assegura que "a maioria da população não precisa se preocupar pelas consequências graves para a saúde devidas ao acidente".
Os autores do relatório reconheceram que não é possível ainda estabelecer os efeitos reais na saúde humana pela radioatividade liberada no desastre, dado o desconhecimento sobre o grau de periculosidade da radiação de baixa intensidade.
Por isso, o relatório não inclui em seus cálculos à população submetida a este tipo de radiação e se centra nas 600 mil pessoas que estiveram submetidas a altos índices de radiação, das que se estima que 4 mil podem morrer de câncer nos próximos anos.
"Não estamos dizendo que não há efeitos, só que atualmente, se há um efeito, não podemos vê-lo ainda, de acordo com os fatos e estatísticas que temos", disse Fred Mettler, especialista em radiologia e em medicina nuclear.
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