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Internacional
Quarta - 06 de Abril de 2011 às 13:13

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O chanceler da França, Alain Juppé, afirmou nesta quarta-feira que as negociações para a renúncia do presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, fracassaram, acabando com as esperanças de uma saída negociada aos conflitos que se arrastam desde novembro no país africano.

"As negociações que foram levadas por horas ontem entre a equipe de Laurent Gbagbo e as autoridades marfinenses fracassaram por causa da intransigência de Gbagbo", disse Juppé ao Parlamento francês. "Por ele foram interrompidas".

Alassane Ouattara foi o vencedor das eleições na Costa do Marfim em novembro do ano passado, reconhecido pela comunidade internacional. Gbagbo, que já estava no poder, se recusou a renunciar e apelou ao Conselho Eleitoral por uma recontagem de votos, que favoreceu sua campanha.

Desde então, forças dos dois lados se enfrentam em confrontos que deixaram centenas de mortos e ameaçam levar o país de volta à guerra civil de 2002 e 2003.

Nesta terça-feira, Gbagbo se refugiou em um bunker no porão de sua residência em Abdijã, cercada por tropas de Ouattara. Diante de um cessar-fogo, ele chegou a negociar uma rendição com a França e a ONU (Organização das Nações Unidas). Pouco depois, contudo, voltou atrás e disse que não reconhece Ouattara como presidente.

Nesta quarta-feira, as forças leais a Ouattara invadiram a residência de Gbagbo, em um cerco final contra o presidente. O ataque foi confirmado por Juppé, que afirmou que os marfinenses "voltaram às armas" depois do rompimento do diálogo.

Ele ressaltou, contudo, que a ofensiva não conta com a participação das forças da ONU (Organização das Nações Unidas) e da França no país, que nos últimos dias bombardearam as tropas de Gbagbo.

NEGOCIAÇÕES

Ele afirmou ainda que as negociações dos últimos dias foram mediadas pelo representante da ONU na Costa do Marfim, com o apoio do embaixador francês. As condições para a rendição do presidente, contudo, foram estabelecidas por Ouattara.

"As condições fixadas por Ouattara são claras. Ele exige que Laurent Gbagbo aceite sua derrota e reconheça a vitória do presidente legitimamente eleito", disse Juppé.

As negociações para persuadir Gbagbo a deixar o poder atingiram um impasse, após ele resistir às pressões da Organização das Nações Unidas e da França para assinar um documento em que renuncia às suas reivindicações de poder.

Em tom desafiador, Gbagbo negou estar disposto a se render, apesar de um violento ataque de forças leais a Ouattara.

Nesta terça-feira, Gbagbo negou à rádio francesa RFI que estivesse negociando sua saída. "Não estamos na fase de negociações. E minha saída de onde? Para onde?", afirmou.

O ministro francês disse ainda esperar que, "após este período de extrema paciência de Ouattara e da União Africana, se encontre uma solução e comece a fase de reconciliação e reconstrução da costa do Marfim".

CERCO

Pouco antes dos relatos da invasão, disparos de armas pesadas foram ouvidos nas imediações da residência e do palácio presidencial.

"Vamos tirar Laurent Gbagbo de seu buraco e colocá-lo à disposição do presidente da República", afirmou Sidiki Konaté, porta-voz de Guillaume Soro, primeiro-ministro de Ouattara.

"As Forças Republicanas da Costa do Marfim (FRCI, pró-Ouattara) decidiram resolver o problema de Laurent Gbagbo. Vamos à residência para acabar com esta comédia. E iremos até onde existirem bolsões de resistência", disse Konaté. "A comédia deve terminar, já que o país afunda".

Um outro porta-voz do movimento opositor, Patrick Achi, garantiu à agência de notícias Reuters que as tropas de Ouattara que invadiram a residência receberam ordens para não matar Gbagbo.

"Nunca foi e não é a intenção de ninguém do lado de Ouattara assassinar o ex-presidente Gbagbo", disse Achi. "Alassane Ouattara deu instruções formais para que Gbagbo seja mantido vivo porque nós queremos levá-lo à Justiça".

HISTÓRICO

Poucos dias após a votação de 28 de novembro, a Comissão Eleitoral Independente declarou o opositor Ouattara como vitorioso com 54,1% dos votos válidos, contra 45,9% de Gbagbo.

O resultado foi reconhecido pela ONU, Estados Unidos e União Europeia. No mesmo dia, contudo, Gbagbo apelou ao Conselho Constitucional com alegações de fraude eleitoral. O órgão anulou cerca de 10% dos votos, a maioria em redutos de Ouattara, dando a vitória a Gbagbo com 51%.

Desde então, a comunidade internacional pressiona Gbagbo a deixar o poder e já aplicou as mais diversas sanções --como veto ao visto de viagem aos países da União Europeia e o congelamento dos fundos estatais no Banco Central da União Monetária e Econômica do Oeste Africano. Gbagbo rejeitou todas as propostas, incluindo ofertas de anistia e um confortável exílio no exterior.

O Eliseu informara horas antes que Sarkozy havia respondido positivamente ao pedido de ajuda militar urgente da ONU para tentar evitar que a população civil da Costa do Marfim seguisse sendo vítima de ataques de armamento pesado por parte das forças leais a Laurent Gbagbo.






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