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Nacional
Segunda - 04 de Abril de 2011 às 22:19

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Horas antes do acidente que deixou oito pessoas feridas, ontem, no Playcenter, o brinquedo Double Shock havia sofrido "anomalias", informou nesta segunda-feira o delegado Marco Aurélio Batista, do 23º DP (Perdizes, zona oeste de São Paulo). Ele ouviu hoje oito pessoas, entre elas três operadores do brinquedo.

"Não foi definido quais possibilidades de anomalias que o brinquedo poderia acusar", disse o delegado. De acordo com ele, o brinquedo não funciona quando há algum tipo problema no equipamento, como falha nas travas.

Conforme os depoimentos, a falha ocorreu por volta das 14h30, e um funcionário foi acionado para vistoriar o brinquedo --que passou por manutenção e foi liberado em seguida. Três horas depois, a trava de segurança falhou, o equipamento se abriu e provocou a queda das vítimas, com o brinquedo ainda em movimento.

No Double Shock, as pessoas giram 360º a uma altura de 12 metros. O brinquedo faz parte do grupo de atrações radicais do parque.

O funcionário do parque responsável pela vistoria no brinquedo e testemunhas do acidente devem ser ouvidas pela polícia nesta terça-feira.

Segundo o delegado, o brinquedo tem três travas de segurança --uma delas é manual.

"Esse travamento é acionado eletronicamente pelo brinquedo e desce por cima para prender a pessoa. Depois disso tem uma trava manual, que é feito pelos operadores do equipamento, eles fazem o giro de uma chave e uma lingueta sai pelas laterais dessa trava. Ainda que o brinquedo automaticamente liberasse a trava, ainda tem essa segunda trava de segurança que só é liberada manualmente. E ainda tem uma terceira trava, de redundância, colocada pelo próprio Playcenter", explicou Batista.

Ainda de acordo com o delegado, se uma das duas travas --a automática ou a manual-- apresentar qualquer tipo de falha, o brinquedo não habilita o operador a iniciar o ciclo do brinquedo.

Três das oito pessoas feridas permanecem internadas. Uma das vítimas, Daniele Aparecida Pansarin, 30, foi inicialmente atendida na Santa Casa e transferida nesta segunda para o Hospital Metropolitano. Com ferimentos na perna e na cabeça, ela está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), com quadro considerado estável.

Os outros dois feridos estão na mesma unidade desde o fim da tarde de domingo. O hospital afirma que não divulga informações sobre eles a pedido das famílias. No entanto, segundo o Playcenter, todas têm quadro clínico estável.

O Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis) esteve ontem no parque de diversões e interditou o Double Shock. Devido ao mau tempo, os técnicos tiveram que interromper a perícia e retornaram ao local hoje. Segundo a Secretaria de Controle Urbano, o equipamento não poderá voltar a funcionar até que haja a liberação dos peritos da Polícia Técnica e a liberação do Contru após a entrega de laudos e atestados técnicos pelos responsáveis que comprovem a segurança do brinquedo.

A administração do Playcenter afirmou que o brinquedo, de fabricação italiana, "encontra-se dentro das normas nacionais e internacionais de operação, conta com manutenção diária e foi totalmente reformado em maio de 2010".

Em nota divulgada nesta segunda, o parque afirma que os todos os brinquedos passam por manutenção preventiva, que laudos semestrais são elaborados por empresa terceirizada e que, diariamente, os equipamentos são checados, antes da liberação para funcionamento.

A assessoria informou que o Playcenter só será reaberto na sexta-feira (8). De acordo com a assessoria, antes do acidente já estava programado o fechamento do parque entre hoje e sexta-feira para manutenção e limpeza.

O Ministério Público, por meio da Promotoria do Consumidor, instaurou inquérito para investigar o caso.

PROCON

O Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) informou que notificou o Playcenter sobre o acidente.

O órgão pediu esclarecimentos sobre a causa do acidente, as providências adotadas para atender as vítimas, laudos sobre a manutenção dos brinquedos, dentre outros.

"A empresa, neste primeiro momento, deve arcar com todas as despesas médicas e hospitalares necessárias para recuperação das vítimas", afirmou Renan Ferraciolli, diretor de fiscalização do Procon-SP, por meio de nota.

Após análise das respostas do parque, o Procon poderá ou não abrir um processo administrativo que pode resultar em multa. A penalidade varia de acordo com a gravidade da infração e o porte econômico da empresa e vai de R$ 405 a R$ 6.087.800. 

OUTRO ACIDENTE

Em setembro do ano passado um acidente com a montanha-russa Looping Star, também no Playcenter, deixou 16 crianças feridas.

A administração do parque afirmou na época que o choque ocorreu porque um dos vagões não conseguiu parar durante a frenagem e bateu no carro da frente, que terminava de acomodar crianças e adolescentes.

Na época, o Procon também notificou o parque. O processo ainda está em andamento e corre em sigilo.






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