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Internacional
Segunda - 04 de Abril de 2011 às 21:44

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Forças oposicionistas leais a Alassane Ouattara, presidente eleito da Costa do Marfim, tomaram o controle da casa do líder Laurent Gbagbo, que se recusa a entregar o poder, informou o porta-voz de Ouattara, Patrick Achi, à emissora americana CNN.

Não houve informações detalhadas quanto à presença de Gbagbo na residência no momento, e seu paradeiro é dado como incerto.

As notícias chegam horas após as forças pró-Ouattara terem anunciado uma "investida final" e helicópteros das Nações Unidas e da França terem disparado mísseis contra campos militares de Gbagbo, além da sua casa e do palácio presidencial.

Hamadoun Touré, porta-voz da Unoci (Missão de paz das Nações Unidas na Costa do Marfim, na sigla em inglês), disse ainda que os helicópteros passaram a atacar a residência e o palácio presidencial de Gbagbo.

"Vimos dois helicópteros MI-24, da Unoci atirarem mísseis contra o campo militar de Akouedo", disseram testemunhas à Reuters.

De acordo com o site oficial da Unoci, em inglês, a missão de paz tem desde o dia 19 de janeiro de 2011, autorização para 11.142 oficiais, sendo 9.600 soldados, 192 observadores militares e 1.350 policiais.

No entanto, apenas 9.062 oficiais já foram enviados ao país e estão atualmente em serviço, sendo 7.568 soldados, 177 observadores militares e 1.317 policiais.

O campo militar é sede de três batalhões do Exército marfinense.

BAN KI-MOON DEFENDE AÇÃO

Em defesa das operações, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que as Nações Unidas não são uma das partes envolvidas no conflito, embora tenha confirmado os ataques aéreos como um esforço para proteger os civis contra o uso de armamentos pesados.

Em comunicado, Ban disse que instruiu a Unoci a "tomar todas as medidas necessárias para impedir o uso de armamentos pesados contra a população civil", com o apoio das forças francesas que também atuam no país.

"A Unoci realizou uma operação militar para impedir o uso de armamentos pesados que ameaçam a população civil de Abidjã. De acordo com a resolução do Conselho de Segurança, a missão tomou esta ação de autodefesa e para proteger os civis", disse.

As notícias dos ataques da ONU e da França chegam ao mesmo tempo em que o governo francês autorizou o envio de mais tropas ao país, para ajudarem na missão de paz das Nações Unidas.

Somente nesta segunda-feira o presidente Nicolas Sarkozy enviou mais 150 soldados à cidade de Abidjã, elevando para 1.650 o contingente francês no país africano.

O objetivo seria proteger os cidadãos franceses, que formam uma comunidade de cerca de 12 mil na Costa do Marfim.

GENERAL MUDA DE POSIÇÃO

Mais cedo, o chefe do Exército de Gbagbo, o general Phillippe Mangou, que abandonara o posto, decidiu retornar ao comando militar pró-Gbagbo depois de ter buscado refúgio na Embaixada da África do Sul no país.

Mangou, sua mulher e cinco filhos deixaram a casa do embaixador sul-africano em Abidjã, disse Clayson Monyela, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da África do Sul.

A saída de Mangou foi vista como um grande golpe a Gbagbo. Um de seus assessores, tenente Jean-Marc Tago, disse que ele nunca desertou, apesar de ter buscado refúgio.

Um diplomata da ONU (Organização das Nações Unidas) na Costa do Marfim estima que até 50 mil membros das forças de segurança governistas tenham desertado desde quarta-feira, quando as forças pró-Ouattara chegaram a Abidjã.

FORÇAS DE OUATTARA AVANÇAM

Armados e confiantes, centenas de soldados fiéis a Alassane Ouattara iniciaram uma nova tentativa de remover Laurent Gbagbo de seu reduto em Abidjã nesta segunda-feira.

Um comboio formado por dezenas de veículos com tropas pró-Ouattara armadas com metralhadoras invadiram a principal cidade marfinense pelo norte, no que chamaram de "ataque final".

Tiros e algumas explosões foram ouvidos minutos após eles terem atravessado os limites da cidade.

O comandante das forças pró-Ouattara, Issiaka "Wattao" Ouattara, disse à Reuters que tinha 4.000 homens ao seu lado, e mais 5.000 já posicionados dentro da cidade.

Perguntado quanto tempo ele precisaria para tomar Abidjã, Wattao disse: "Sabemos quando começa, mas pode levar até 48 horas para limpar a cidade."

HISTÓRICO 

Poucos dias após a votação de 28 de novembro, a Comissão Eleitoral Independente declarou o opositor Ouattara como vitorioso com 54,1% dos votos válidos, contra 45,9% de Gbagbo.

O resultado foi reconhecido pela ONU, Estados Unidos e União Europeia. No mesmo dia, contudo, Gbagbo apelou ao Conselho Constitucional com alegações de fraude eleitoral. O órgão anulou cerca de 10% dos votos, a maioria em redutos de Ouattara, dando a vitória a Gbagbo com 51%.

Desde então, a comunidade internacional pressiona Gbagbo a deixar o poder e já aplicou as mais diversas sanções --como veto ao visto de viagem aos países da União Europeia e o congelamento dos fundos estatais no Banco Central da União Monetária e Econômica do Oeste Africano. Gbagbo rejeitou todas as propostas, incluindo ofertas de anistia e um confortável exílio no exterior.






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