Líbia pedirá ajuda da Turquia para uma trégua, diz agência
Um emissário do governo líbio deve desembarcar nesta segunda-feira em Ancara para pedir ajuda à Turquia para a instauração de um cessar-fogo com os rebeldes, informaram fontes oficiais turcas consultadas pela agência de notícias France Presse.
A notícia vem em meio a outros relatos de esforços do regime do ditador líbio, Muammar Gaddafi, para negociar uma saída aos conflitos que se arrastam há mais de um mês.
"Há demandas procedentes das duas partes beligerantes na Líbia, as forças leais ao coronel Gaddafi e os insurgentes", afirmou uma fonte governamental, que pediu anonimato.
Segundo a imprensa turca, o emissário é o vice-ministro das Relações Exteriores líbio, Abdelati Laabidi.
No domingo, ele se reuniu em Atenas com o chefe de governo grego, Yorgos Papandreou, para acertar "a continuação dos esforços para uma solução política e democrática para a Líbia".
Papandreou, além disso, exigiu da parte líbia "acatar plenamente as resoluções da ONU (Organização das Nações Unidas), o cessar-fogo imediato, e o fim da violência, especialmente contra a população".
Após a visita à Turquia, Obeidi deve seguir para Malta.
A viagem de Obeidi coincide com a chegada a Ancara do secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Anders Fogh Rasmussen, que deve tratar sobre a operação aliada contra a Líbia com as autoridades turcas.
No programa de Rasmussen não estava prevista uma reunião com o representante líbio, mas com o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan; o ministro de Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, e o de Defesa, Vecdi Gönül.
SAÍDA
O ministro de Relações Exteriores da Líbia, Franco Frattini, disse nesta segunda-feira que as propostas de Obeidi "não são confiáveis", porque nada foi dito sobre a saída de Gaddafi do poder.
Frattini ressaltou que a renúncia do ditador, no poder há quase 42 anos, é "pré-condição" para qualquer acordo.
"O regime de Trípoli está enviando pessoas à Grécia para fazer propostas. Estas propostas não são confiáveis. Não é possível aceitá-las", disse Frattini.
O ministro afirmou ainda que a Itália reconhece o opositor Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio como "único interlocutor legítimo". "A Itália decidiu reconhecer o Conselho", declarou Frattini após um encontro com um enviado do CNT, Ali Al Issawi.
FILHOS
A saída de Gaddafi estaria nas negociações realizadas por ao menos dois dos filhos do ditador líbio, informou na noite de domingo o jornal "The New York Times".
Citando um diplomata e um alto funcionário líbio, ambos a par do plano, o jornal disse que os filhos oferecem uma transição para uma democracia constitucional que incluiria a saída do pai do poder.
Segundo a reportagem do jornal americano, não está claro se o ditador aceita a proposta defendida por seus filhos Seif e Saadi el Gaddafi.
Segundo o "New York Times", a proposta refletiria diferenças de longa data entre os filhos de Gaddafi. Enquanto Seif e Saadi se inclinam para uma abertura econômica e política ao estilo ocidental, outros dois filhos do ditador, Khamis e Mutuasim, são considerados de linha dura.
Khamis lidera uma milícia pró-governo, enquanto Mutuasim é assessor de segurança nacional, considerado um rival de Seif quanto à sucessão do pai.
O CNT, contudo, rejeitou nesta segunda-feira a ideia de uma transição liderada pelos filhos de Gaddafi. "Isto é totalmente rejeitado pelo Conselho", declarou o porta-voz do CNT, Shamsedin Abdulmellah, em Benghazi, reduto rebelde no leste da Líbia.
"Gaddafi e seus filhos devem ir embora antes do início de qualquer negociação diplomática", completou.
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