Costa do Marfim: presidente eleito rejeita alegação de massacre
O presidente eleito Alassane Ouattara rejeitou as acusações da Organização das Nações Unidas (ONU) de que suas tropas massacraram centenas de civis no oeste da Costa do Marfim durante confrontos violentos em Abidjan, numa tentativa de expulsar o atual líder, Laurent Gbagbo, que não quer deixar o cargo.
A missão da ONU na Costa do Marfim (ONUCI) disse no sábado que caçadores tradicionais, conhecidos como Dozos, se juntaram às forças de Ouattara no assassinato de 330 pessoas na cidade de Duékoué, no oeste do país.
Forças leais a Ouattara lançaram uma ofensiva no começo da semana para expulsar Gbagbo, que tem se recusado a ceder o poder depois de perder para Ouattara a eleição de novembro, reconhecida pela ONU.
A França disse que suas tropas tomaram o aeroporto de Abidjan para facilitar a retirada de estrangeiros e que enviou mais 300 militares para a Costa do Marfim, aumentando o seu efetivo para um total de 1,5 mil militares.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha afirmou no sábado que pelo menos 800 pessoas foram mortas na última semana em episódios de violência étnica em Duékoué. Não ficou claro se as 330 pessoas mortas contabilizadas pela ONUCI estão incluídas nesse total.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse numa conversa com Ouattara, na noite de sábado, estar "preocupado e alarmado" com os relatos de que forças leaias a ele podem ter matado civis. Ouattara disse que suas tropas não estavam envolvidas nos assassinatos de Duékoué.
Guillaume Ngefa, chefe-adjunto da Divisão de Direitos Humanos da ONUCI, ao falar à TV France24, culpou as tropas pró-Ouattara por 220 mortes ocorridas entre segunda e quarta-feira. Ele disse que milicianos pró-Gbagbo mataram mais de 110 pessoas.
Costa do Marfim: da eleição presidencial a nova guerra civil
Em 28 de novembro de 2010, os eleitores da Costa do Marfim foram às urnas na esperança de escolher o novo presidente para um país que há menos de 10 anos vivera uma violenta guerra civil. No entanto, quatro meses depois, quando o novo governo já poderia estar em plena gestação, o país se encontra dividido entre forças rivais que disputam a vitória eleitoral e, com ela, a liderança legítima da nação.
De um lado está Laurent Gbagbo, presidente desde 2000 e com sede no Sul do país; do outro, Alassane Ouattara, sediado no Norte e com amplo apoio da comunidade internacional. Enquanto a pressão pela renúncia de Gbagbo cresce e o avanço de Ouattara em direção a Abidjan se concretiza, o país se aproxima de guerra civil, na qual dezenas de milhares morreram e milhares deixaram o país.
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