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Nacional
Quinta - 31 de Março de 2011 às 18:09

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Às 9h55 de uma quarta-feira deste mês, cerca de 20 carros disputavam uma pequena área formada pelo entroncamento de três ruas no Morumbi, em São Paulo.

Nenhum acidente complicava as vias nem qualquer canteiro de obras obstruía a passagem pelas ruas das Begônias, Manuel Marques Simões ou Inocêncio Nogueira.

Naquele dia, o tumulto era causado por carros com algo em comum: placas com final 5 ou 6. Eles aguardavam o fim do horário do rodízio para seguir. O local está no limite do centro expandido, onde há restrição de circulação de veículos. No resto da semana, outras placas povoam a área.

A prática é comum nos acostamentos das rodovias estaduais, em pontos próximos aos acessos da cidade. Agora ela entrou na rotina daquela região, que inclui também o cruzamento da rua Muribeca com a avenida das Magnólias.

A psicóloga Maria Clélia Borges Pereira, 58, conta que quando o trânsito flui bem, ela chega antes das 10h na "boca" do rodízio. É nesse tempo que ela costuma realizar tarefas que deveriam ser pouco usuais dentro de um automóvel. Em seu carro, estão sempre à mão pesinhos de ginástica, agulhas de crochê e uma bolsinha de maquiagem. Itens para adiantar a musculação, o artesanato e dar o toque final no visual. "Já fiz de tudo dentro desse carro. Isso é São Paulo!"

Ouvir música, ler um livro, organizar a agenda e até trocar de roupa são as atividades preferidas do personal trainer Rinaldo Rodrigues, 32, para passar o tempo dentro do carro, naquele dia estacionado em local permitido, junto ao meio-fio.

Quem mora ou trabalha na região não gosta da muvuca. Roberto Ferreira de Melo, 55, que há 21 anos é motorista em uma casa da Manuel Marques Simões, reclama da presença diária daqueles veículos. "Eles acham que são os donos da rua. Fecham o cruzamento e ninguém passa nem pra lá nem pra cá." Ele conta que já viu discussões bem acaloradas e até batidas propositais de carros de moradores nos estacionados ali.

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), quem para no meio do entroncamento de ruas está sujeito a multa por estacionamento irregular. A penalidade vai de R$ 53,20 e três pontos na habilitação (multa leve) a R$ 127,69 e cinco pontos (grave). O Código de Trânsito Brasileiro considera infração carros parados a mais de 50 cm do meio-fio. "Vou falar o quê pro cara [da CET]? Tô aqui esperando dar o horário [do fim do rodízio], porque se eu passar eles também vão me multar", diz o personal trainer Rinaldo.

Para ele, esse é mais um dos dilemas da cidade."Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come."






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