O líder líbio, Muammar Kadafi, permanecerá no país "até o fim" para conduzi-lo à vitória contra seus inimigos, disse um porta-voz do governo nesta quinta-feira.
Falando após a deserção do ex-ministro das Relações Exteriores da Líbia, Moussa Koussa, que voou para a Grã-Bretanha na quarta-feira, o porta-voz disse que os ataques aéreos ocidentais contra a Líbia só uniram a elite de sua liderança contra "um inimigo claro".
"Se esta agressão fez algo, foi reunir as pessoas em torno do líder e da unidade da nação", declarou Mussa Ibrahim em Trípoli. "Especialmente agora. Elas vêem um inimigo claro".
Indagado se Kadafi e seus filhos ainda estão no país, ele disse: "Tenha a certeza de que estamos todos aqui. Iremos ficar até o fim. Este é nosso país. Estamos fortes em todos os frontes".
Ele acrescentou: "Não estamos nos apoiando em indivíduos para conduzir a luta. Esta é uma luta de toda a nação. Não depende de indivíduos ou autoridades."
Ibrahim se recusou a comentar a deserção de Koussa, dizendo que haverá um pronunciamento formal do governo ainda na quinta-feira.
"Temos milhões de pessoas conduzindo esta luta. Se alguém se sentir cansado, doente ou exausto, se quiserem tirar um descanso, acontece. Não estou confirmando nada," disse.
Ibrahim desdenhou insinuações de que os ataques aéreos da coalizão fizeram a balança pender a favor das forças rebeldes que combatem as tropas de Kadafi, ou encorajaram pessoas comuns a buscar mudanças após as quatro décadas de governo de Kadafi.
"Mesmo com o bombardeio aéreo de cada cidade líbia, você não vê pessoas saindo em massa para exibir qualquer mudança," declarou. "Onde está a revolução popular? Onde estão as tribos saindo e dizendo ao seu líder: "Saia do país"? É preciso ler os sinais."
Líbia: de protestos contra Kadafi a guerra civil e intervenção internacional
Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em meados de fevereiro para contestar o líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Mais de um mês depois, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas.
A violência dos confrontos entre as forças de Kadafi e a resistência rebelde, durante os quais multidões fugiram do país, gerou a reação da comunidade internacional. Após medidas mais simbólicas que efetivas, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a instauração de uma zona de exclusão aérea no país. Menos de 48 horas depois, no dia 21 de março, começou a ofensiva da coalizão, com ataques de França, Reino Unido e Estados Unidos.
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