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Internacional
Terça - 29 de Março de 2011 às 10:36

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Mais bem armadas e organizadas, as tropas de Muammar Gaddafi reverteram o avanço dos rebeldes líbios rumo ao oeste, enquanto as potências ocidentais se reuniam nesta terça-feira para planejar o futuro do país sem o "irmão líder".

Antes da conferência, o presidente Barack Obama disse aos norte-americanos em um pronunciamento na TV que as forças dos EUA não ficarão atoladas tentando derrubar Gaddafi, mas não chegou a explicar como a campanha militar na Líbia terminará.

Os Estados Unidos estão se limitando a um "papel coadjuvante" para deixar a Otan assumir o comando pleno na quarta-feira, mas ataques aéreos de EUA, França e Grã-Bretanha continuam sendo essenciais para esmagar o arsenal de Gaddafi e facilitar o progresso dos insurgentes.

Foram necessários cinco dias para que os ataques aéreos aliados pulverizassem os tanques líbios ao redor de Ajdabiyah antes que as tropas de Gaddafi fugissem e os rebeldes iniciassem uma arrancada de dois dias por 300 quilômetros de deserto até chegarem a 80 quilômetros de Sirte, reduto leal a Gaddafi.

Mas as caminhonetes primeiro foram emboscadas e depois atacadas pelos flancos pelos tropas de Gaddafi. O avanço foi detido e as forças do governo retomaram a pequena cidade de Nawfaliyah, 120 quilômetros a leste de Sirte.

"Os homens de Gaddafi nos atingiram com Grads (foguetes) e nos cercaram pelos flancos", disse Ashraf Mohammed, rebelde de 28 anos envergando uma bandoleira repleta de balas de metralhadora.

O som esporádico de armas pesadas podia ser ouvido à medida que dezenas de carros de civis dispararam rumo ao leste para se distanciar dos combates.

Um homem parou o carro para repreender os rebeldes.

"Corram para lá e parem de posar para fotos", gritou ele, sem encontrar acolhida.

Mais tarde uma saraivada de metralhadora e de foguetes atingiu posições dos rebelados, que buscaram refúgio atrás de dunas de areia para atirar de volta mas desistiram após alguns minutos, saltaram para dentro de suas picapes e aceleraram estrada afora para a cidade de Bin Jawad. Granadas caíam perto da estrada enquanto se retiravam.

Sem os ataques aéreos os rebeldes parecem incapazes de reter suas posições ou fazer progressos. A batalha nas cercanias de Sirte, terra natal de Gaddafi, mostrará se chegaram ao seu limite.

Relatos de insurgentes em retirada após combates com moradores nos arredores de Sirte ao lado de tropas do governo são um mau agouro para as potências, que torcem por um fim rápido para os 41 anos de governo de Gaddafi.

Na segunda-feira o primeiro-ministro britânico David Cameron e o presidente francês Nicolas Sarkozy, que lideraram a iniciativa de uma intervenção de peso no conflito, pediram a Gaddafi que saia, e que seus seguidores o abandonem antes que seja "tarde demais".

"Conclamamos todos os líbios que acreditam que Gaddafi está levando a Líbia ao desastre que tomem agora a iniciativa de organizar um processo de transição", disseram em um comunicado.

Obama afirmou não ter alternativa a não ser agir para evitar "violência em uma escala aterrorizante" contra o povo líbio.

Mais de 40 governos e organizações internacionais se reúnem em Londres na terça-feira para montar um grupo de orientação, incluindo Estados árabes, para fornecer aconselhamento político para a reação à guerra e coordenar o apoio de longo prazo à Líbia.

(Reportagem adicional de Angus MacSwan, Alexander Dziadosz, Edmund Blair, Maria Golovnina, Michael Georgy, Ibon Villelabeitia, Lamine Chikhi, Mariam Karouny, Joseph Nasr, Marie-Louise Gumuchian, Steve Gutterman, Matt Spetalnick e Alister Bull)





Fonte: Reuters

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