Reunião em Londres deve definir Líbia pós-Gaddafi, dizem EUA
A reunião do grupo encarregado da "direção política" dos ataques aéreos na Líbia que ocorrerá na terça-feira em Londres servirá para definir a situação do país africano já num cenário pós-Muammar Gaddafi, disse nesta segunda-feira a Casa Branca, em comunicado.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que representará os EUA na reunião, manifestou interesse em conseguir a saída do ditador líbio pela via diplomática, em um momento em que os rebeldes avançam rumo à sua cidade natal, Sirte, e o oeste da Líbia.
"Acreditamos que seja muito importante definir um objetivo, uma visão de futuro", explicou o conselheiro adjunto de segurança nacional do presidente Barack Obama, Denis McDonough.
"Não vamos liderar a reunião, que será dirigida pelo Reino Unido, mas esperamos que se definam o objetivo político final e aquele que os líbios podem esperar", completou em coletiva de imprensa na Casa Branca.
A ideia "básica" da política americana é proceder de forma que os líbios possam dizer como querem que seja seu futuro, explicou.
FRANÇA, ALEMANHA, REINO UNIDO E EUA
Os líderes da França, Alemanha, Reino Unido e EUA estão reunidos neste momento numa teleconferência para discutir a situação na Líbia. Segundo o Palácio do Eliseu, a reunião teve início às 19h15 locais (14h15 em Brasília) e deveria durar ao menos 40 minutos.
Participam a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e seu colega americano, Barack Obama, além do premiê britânico, David Cameron.
A teleconferência chega um dia antes de uma reunião de cúpula em Londres, quando cerca de 40 países devem buscar um acordo sobre a direção que as operações militares --agora sob o comando da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)-- no país do norte da África devem tomar.
PEDIDO DE RENÚNCIA IMEADIATA
Mais cedo, Sarkozy e Cameron disseram nesta segunda-feira que o ditador líbio, Muammar Gaddafi, "deve deixar o poder imediatamente" porque "o regime atual perdeu toda a legitimidade".
Em declaração em conjunto, ambos pediram aos partidários de Gaddafi para que "o abandonem antes que seja tarde demais".
"O regime atual perdeu toda legitimidade. Gaddafi deve partir imediatamente", afirmam Sarkozy e Cameron, na véspera da primeira reunião em Londres do grupo de contato sobre a Líbia.
Ministros das Relações Exteriores de 40 países devem participar da reunião do grupo, que tem a missão de decidir o rumo político da operação militar Aurora da Odisseia.
No mesmo comunicado, Sarkozy e Cameron apoiam um processo de transição ao redor do Conselho Nacional de Transição, órgão criado pelos rebeldes em Benghazi.
"Estimulamos os participantes na conferência de Londres a expressar o mais firme apoio ao processo de transição", afirma a declaração de França e Reino Unido, principais países a defender a resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
A resolução determinou uma zona de exclusão aérea e o uso da força para proteger a população civil da ofensiva das tropas de Gaddafi sobre os rebeldes líbios e possibilitou os ataques aéreos da coalizão internacional que começaram em 19 de março.
COMANDO
Nesta segunda-feira, a Otan confirmou que os bombardeios na Líbia permanecerão sob controle da coalizão internacional por mais 48 horas. Depois deste prazo, a aliança assumirá o comando.
"A transição será progressiva e levará dois dias", declarou a porta-voz da Otan, Oana Lingescu, durante uma entrevista coletiva na sede da organização em Bruxelas.
Os 28 países da Otan decidiram no domingo assumir o comando da operação militar na Líbia.
O coronel de aviação Geoffroy Booth, membro do Estado-Maior militar internacional da Otan, afirmou que o general Charles Bouchard, que assumiu o comando das operações militares na Líbia em nome da Otan, ainda não assumiu ativamente o controle de todos os aspectos da missão.
Até o momento a Otan se limita a fazer respeitar a zona de exclusão aérea sobre a Líbia.
"Os ataques em terra continuam sendo no momento operações da coalizão", acrescentou Booth.
A Otan também assumiu o controle do embargo naval para evitar o tráfico de armas e o envio de mercenários à Líbia
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