Repórter News - reporternews.com.br
Saúde
Segunda - 28 de Março de 2011 às 14:11
Por: ANTONIELLE COSTA

    Imprimir


MidiaNews/Álbum de Família
Pedro de Barros (destaque), segundo sua mãe, morreu por despreparo de médicos e da Unimed
Pedro de Barros (destaque), segundo sua mãe, morreu por despreparo de médicos e da Unimed

A engenheira Letícia Paes de Barros, mãe do agrônomo Pedro Lobo Paes de Barros, vítima de trombose cerebral aos 24 anos, após ser desenganado por vários médicos, se mostrou revoltada com a política de saúde desenvolvida pela Unimed Cuiabá, principal operadora de planos de saúde com atendimento particular em Mato Grosso.

Ao MidiaNews, Letícia afirmou que a falta de "curiosidade" dos médicos que integram a cooperativa, e de um acompanhamento dos clientes, traz inúmeros prejuízos às pessoas que precisam de atendimento na rede particular da Capital.

"Existe um protocolo, um padrão... Isso é burrice, pois ninguém acompanha o histórico da doença. Cito como exemplo o Pedro, que passou três anos se tratando com um monte de médicos, se queixando do mesmo problema. Tudo o que ele tomava, em matéria de medicamentos, não resolvia. E ninguém teve a curiosidade de procurar saber o que ele tinha. Deveria haver mais interesse por parte dos médicos em investigar. Uma categoria que mexe com vida deveria ser mais curiosa, zelosa e cuidadosa", afirmou.

Letícia de Barros criticou, ainda, a falta de um sistema, por parte da Unimed, com dados dos clientes, que permitam um melhor acompanhamento médico. Para ela, um banco com informações sobre exames, consultas e demais serviços poderia amenizar o problema de muita gente.

"Temos uma área médica burra, que não pesquisa o histórico do paciente. E a Unimed, onde fica? É mais burra ainda, apesar de, teoricamente, ter sistema de informatização, com um monte de dados que jamais virarão informação. Deveriam se perguntar: o que acontecia com um jovem de 20 e poucos anos, que faz tantos exames, repetidamente, em três anos?", desabafou.

A agrônoma denunciou, ainda, a presença de médicos recém-formados nos prontos-atendimentos, na maioria dos hospitais particulares de Cuiabá, que prestam serviços de urgência e emergência.

"No momento em que meu filho passou mal, procuramos o Hospital Amecor e, por ser pós-carnaval, devem ter pensado que ele estava com ressaca e passaram um remédio para enxaqueca. Meu filho estava começando a ter uma ruptura na veia e voltou pra casa. Depois, voltamos para o São Mateus e o Pedro com convulsões, e o médico dizendo que ele tava com uma crise de epilepsia", disse.

Para Letícia, se algumas providências fossem adotadas logo quando Pedro procurou o médico, horas antes de ser internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Mateus, a morte de seu filho poderia ter sido evitada.

"Médicos novos jamais deveriam estar em PA, e sim uma pessoa que entende, que tenha bom senso e experiência. Se fossem tomadas algumas providências, pela manhã, quando fomos até a Amecor, o desfecho poderia ter sido diferente. Entendo que a Unimed deveria, ao menos, tabular os dados no Excel, para um acompanhamento de alguns casos e amenizar muitos problemas", afirmou.

Danos morais

Ao MidiaNews, as advogadas de defesa da família, Mônica Santos e Simone Santos, afirmaram que a família de Pedro Paes de Barros pretende ingressar com uma ação, por dano morais, em desfavor da Unimed Cuiabá e dos Hospitais Amecor e São Mateus, em virtude do prejuízo causado pela morte do jovem.

Entenda o caso

Conforme o site revelou, com exclusividade, no sábado (26), o engenheiro agrônomo Pedro Lobo Paes de Barros, 24, faleceu no último dia 12, vítima de uma trombose cerebral não diagnosticada a tempo, após ser desenganado por vários médicos, durante três anos, período esse em que tentou tratamento para "uma forte dor de cabeça".

Segundo a família, tudo começou em 2008, quando Pedro procurou ajuda médica, após sentir fortes dores de cabeça. Na época, vários exames foram feitos, foi diagnosticada uma labirintite e ele iniciou o tratamento da doença com o medicamento "Labirin".

Sem alcançar a desejada cura, o jovem continuou fazendo vários exames, inclusive, em um curto espaço de tempo. No entanto, nenhum outro problema foi diagnosticado.

Por volta das 10h da manhã do dia 9 (Quarta-Feira de Cinzas), Pedro procurou o Pronto-Atendimento no Hospital Amecor, localizado na Avenida do CPA. Na unidade hospitalar, ele foi atendido por uma médica plantonista, que diagnosticou a dor de cabeça como "enxaqueca" e passou uma medicação.
Além disso, pediu que ele procurasse um neurologista.

Após ser medicado e ainda com dores, Pedro voltou para casa. No início da tarde, horas antes da sua consulta com um neurologista, o jovem começou a ter várias convulsões seguidas e vômitos, e foi procurar auxílio no Pronto-Atendimento do Hospital São Mateus, no bairro Bosque da Saúde, na Capital.

No local, não havia um neurologista de plantão e, segundo a família, somente após um "barraco" (confusão armada), apareceu um especialista para atender Pedro, mas o profissional teria tratado o caso como "início de epilepsia". Em seguida, o agrônomo foi internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital.

Desta vez, o médico solicitou uma tomografia computadorizada e que diagnosticou que Pedro estava com um coágulo de sangue entupindo uma das artérias que irrigam o cérebro (trombose cerebral). O jovem foi sedado para fazer o exame e ficou desfalecido. Logo depois, a equipe médica deu 72 horas para que ele voltasse ao normal.

No entanto, Pedro não reagiu e teve morte encefálica, em função da ausência de fluxo sanguíneo nos quatro vasos cerebrais.

Outro lado

Procurada pela reportagem, a direção da Unimed, por meio de assessoria, informou que vai se posicionar sobre o assunto por meio de uma nota.

Até a edição da matéria, o comunicado não havia sido encaminhado à redação.
 






Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/97535/visualizar/