Sem lembranças da vítima
Com quase quatro meses de investigação, a Polícia Civil ainda não conseguiu esclarecer o que provocou a queda do estudante João Vitor Leon Leite, 16 anos, do alto do edifício Dunhill em novembro do ano passado. Nem mesmo o depoimento da própria vítima, finalmente colhido nesta quinta-feira, serviu para a polícia descobrir de onde veio o impulso que jogou o estudante de um dos halls de elevadores durante uma festa da qual ele participava.
De acordo com a polícia, o depoimento de João Vitor foi prejudicado por várias lacunas de sua memória. Ele admitiu que ingeriu bebida alcoólica durante a festa – quatro ou cinco copos de vodka com suco – mas não se lembra de nada relevante para elucidar a queda.
De antes da queda, o estudante se recorda somente de ter se sentado num sofá do prédio esperando que sua mãe fosse lhe apanhar de volta para casa. Segundo a polícia, depois disso a próxima lembrança de João Vitor já é de quando ele acordou no hospital, com ferimentos. Para a delegada responsável, Liliane Murata, de fato João Vitor está sofrendo de amnésia e, como não teria razões para mentir qualquer coisa, estaria contribuindo com o máximo que pode à investigação, com seus lapsos de memória.
Agora, a delegada deve ouvir mais depoimentos e relatar o inquérito, mas sem prazo para isso. Ainda sem elucidar o caso, ela deve estudar também se caberá algum tipo de responsabilização.
No dia 28 de novembro, João Vitor e outros estudantes participavam de uma confraternização na área de churrasqueira do edifício Dunhill, em Cuiabá. A festa havia começado no fim da tarde e, por volta da meia-noite, os participantes se surpreenderam com o barulho e a imagem de João Vitor, que caiu ao chão após se chocar com uma estrutura de metal e vidro logo abaixo das janelas dos halls de elevadores do prédio. Embora o impacto tenha impressionado, em dezembro João já obteve alta e está bem fisicamente, sem sequelas.
Antes disso, câmeras haviam flagrado João entrando cambaleante no elevador, descendo de volta ao térreo e, depois sendo colocado novamente no elevador por um outro participante da festa. A polícia não concluiu para que andar ele se dirigiu (suspeita-se que seja entre o quarto e o sexto) e nem se esteve sozinho lá em cima, até porque não há câmeras nos halls de elevadores.
Como as janelas dos halls são altas (batem no peito de uma pessoa com 1,70 de altura, como João Vitor), a polícia só apontou que algum impulso provocou a queda, mas ainda assim não consegue esclarecer se tal impulso veio de uma outra pessoa ou do próprio João Vitor, mas a polícia não acredita que o estudante tivesse intenção de se jogar e, desde o início, a família de João Vitor fez questão de negar veementemente esta possibilidade.
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