Comandante da PM diz que garoto alvejado deveria estar preso
O comandante-geral da Polícia Militar do Amazonas, coronel Dan Câmara, disse nesta sexta-feira que o menino que foi ferido com tiros à queima-roupa por policiais, no ano passado, deveria estar preso. O garoto sobreviveu aos tiros.
Um vídeo com a agressão contra o adolescente foi divulgado neste semana pela TV A Crítica. A ação aconteceu em 17 de agosto de 2010, no bairro Amazonino Mendes, na zona norte de Manaus.
O comandante-geral da PM citou hoje infrações supostamente cometidas pelo garoto, como tráfico de drogas, assalto e homicídio, e disse que não entende por que "o guri estava solto".
"Minhas perguntas são: como esse guri estava solto? Por que nada foi feito pela polícia judiciária e o Ministério Público?", questionou Câmara.
Segundo o coronel, em agosto de 2009 o garoto, hoje com 15 anos de idade, se envolveu em duas ocorrências de tráfico de drogas. Em setembro de 2010, um mês depois de se recuperar dos disparos dos policiais, foi acusado de homicídio junto com o irmão de 18 anos. No mês passado, o irmão foi morto em um linchamento.
Câmara disse que, no dia da agressão dos PMs contra o garoto, os policiais receberam uma denúncia de um mototaxista de que o adolescente estava armado e disparando tiros. "Os policiais apreenderam arma, quem estava atirando era o garoto", disse.
A Polícia Civil do Amazonas disse que medidas cabíveis por conta das supostas infrações foram tomadas. "O menor foi apreendido e prestou depoimento. Não houve inércia nem falta de atendimento nos casos", disse a assessoria da Polícia Civil.
O promotor da Infância e Juventude Davi Câmara afirmou que, no caso da acusação de homicídio, o garoto prestará depoimento, em junho. "Por mais graves que fossem as infrações, não justificam uma tentativa dos policiais militares de execução sumária. Isso é o que chocou a sociedade", afirmou.
O menino e quatro membros de sua família foram incluídos no programa de proteção a vítimas.
Sete policiais envolvidos na agressão contra o garoto tiveram prisão preventiva decretada. Seis estão presos. Um está foragido. O advogado Bruno Calheiro, que representa o cabo Janderson Magalhães, afirmou que vai pedir a revogação da prisão dele. Disse que o cabo não presenciou as agressões. "Ele é inocente", disse. A reportagem não conseguiu localizar os advogados dos outros cinco soldados presos.
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