A valorização, contudo, foi limitada, diante do entendimento de que a perspectiva de entradas de recursos deve pressionar a moeda para baixo no curto prazo.
No fechamento, a cotação subiu 0,12 por cento, a 1,660 real na venda. No acumulado da semana, marcada pela reduzida volatilidade no mercado cambial, a divisa recuou 0,6 por cento.
"Continua a preocupação de que o governo pode anunciar medidas a qualquer momento", comentou Alfredo Barbutti, economista-chefe da BGC Liquidez, lembrando que a expectativa pelas medidas aumenta conforme o dólar se aproxima da faixa de 1,65 real.
Esse patamar é considerado por investidores como uma espécie de "piso informal" para a moeda, após sucessivas intervenções das autoridades perto desse nível.
Nos últimos dias, aliás, o Banco Central tem diminuído as intervenções no mercado, resumindo-as a somente um leilão de compra de dólares no mercado à vista por sessão.
Para operadores, esse movimento está relacionado à redução das posições vendidas de bancos no segmento à vista, uma vez que as regras para recolhimento de compulsório anunciadas pelo BC em janeiro, que recentemente sofreram ajustes técnicos, passarão a valer a partir de abril.
De acordo com números informados pela autoridade monetária nesta sexta-feira, as apostas de bancos contra o dólar somavam 7,303 bilhões de dólares no dia 23 de março, bem menos que os 12,702 bilhões de dólares no final de fevereiro e que os 16,783 bilhões de dólares no final de dezembro de 2010, antes da divulgação do compulsório.
"A expectativa de mais controles de capitais continuará evitando que o real aproveite o sentimento externo mais positivo", afirmaram os economistas do banco francês BNP Paribas, em relatório.
FLUXO E SWAP
Junto com a posição vendida dos bancos, o BC informou ainda que o fluxo cambial em março até a última quarta-feira estava positivo em 11,81 bilhões de dólares. No ano, o superávit já supera 34 bilhões de dólares, mais que os 24,354 bilhões de dólares em entradas líquidos em todo o ano de 2010.
"É pensamento geral que a tendência do dólar é de baixa. Muito dinheiro entrando e muito dinheiro sendo esperado, e isso pressiona a moeda", afirmou Ovídio Soares, operador de câmbio da Interbolsa do Brasil.
As autoridades têm tentado coibir a baixa do dólar comprando divisa estrangeira em três frentes: à vista, a termo e futuro —este último via swap cambial reverso.
"E no início de abril vai haver o primeiro vencimento do swap. Vamos ver se o BC vai realizar leilão de rolagem. Penso que haverá demanda no mercado", disse Barbutti, da BGC Liquidez.
O vencimento ocorrerá em 1o de abril, num valor total de 818 milhões de dólares, segundo dados do Banco Central.
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