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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Quinta - 24 de Março de 2011 às 18:22

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Os assessores do ditador líbio, Muammar Gaddafi, exigiram de empresas americanas enormes quantias para ajudar Trípoli a arcar com as despesas das indenizações (US$ 1,5 bilhão) às vítimas do atentado líbio em Lockerbie, sob a ameaça de fazer com que perdessem contratos lucrativos no país árabe, informou o jornal "New York Times" nesta quinta-feira.

O atentado terrorista, ocorrido em 21 de dezembro de 1988, foi realizado contra o voo da Pan Am que explodiu sobre a cidade escocesa de Lockerbie, matando 270 pessoas.

Em 2009, oficiais líbios alertaram os executivos americanos que se suas companhias --a maioria multinacionais de energia-- não cedessem a essa cobrança, haveria sérias consequências sobre seus negócios, de acordo com o Departamento de Estado americano citado pelo jornal.

A atitude do regime Gaddafi, segundo a matéria do "NYT", evidencia o "clientelismo político e a cultura de corrupção endêmica" na Líbia, que se acentuaram em 2004, quando os Estados Unidos retomaram suas relações comerciais com Trípoli.

Esta reabertura comercial fez com que as multinacionais se lançassem avidamente à exploração das reservas petrolíferas líbias.

Os empresários americanos, ansiosos por fazer negócios nesta região do norte da África, foram manipulados por Gaddafi e seus filhos, que, segundo a matéria, obtiveram uma quantia que totaliza vários milhares de milhões.

É esta soma que permite a Gaddafi manter-se no poder, apesar da rebelião do povo líbio contra o regime e os ataques aéreos da coalizão ocidental contra as forças fieis ao ditador.

"A Líbia é uma cleptocracia, na qual o regime (seja a família de Gaddafi ou seus aliados) tem interesses diretos em tudo que possua valor", afirma o departamento de Estado, citado pelo jornal americano.

EMPRESAS

Os interesses empresariais também ganharam um novo fôlego na Líbia em 2008, quando Trípoli admitiu sua responsabilidade no atentado de Lockerbie.

O "NYT" afirma que uma dúzia de empresas americanas --entre as quais Boeing, Raytheon, ConocoPhilips, Occidental, Caterpillar e Halliburton-- procuraram imediatamente se estabelecer na Líbia.

Algumas companhias relacionadas neste método de extorsão pagaram uma verdadeira fortuna. A Occidental Petroleum repassou US$ 1 bilhão à Líbia como parte de um contrato de 30 anos.

Juan Zarate, ex-alto assessor da Casa Branca na administração de George W. Bush, afirmou que Washington fez "um acordo com o demônio" quando retomou o comércio com a Líbia.

"A esperança era de que, com a normalização, Gaddafi agisse menos como o "cão louco do Oriente Médio" e fosse mais parceiro", afirmou ao "Times".






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