Crânio de 1ª brasileira Luzia tem feições de europeu e asiático
Para quem estranhava o fato de os primeiros habitantes da América terem cara de africanos, e não de índios modernos, uma nova pesquisa diz ter resolvido o enigma. Esse seria o "modelo básico" dos seres humanos na época.
A pesquisa é assinada pelos brasileiros Mark Hubbe e Walter Neves, que há vários anos estudam o povo ao qual pertencia a célebre "Luzia", esqueleto da região de Lagoa Santa (MG) que é a mulher mais antiga do continente, com mais de 11 mil anos.
As reconstruções de Luzia com traços "negros" se tornaram famosas. Outras dezenas de crânios achados em Lagoa Santa, pouco mais recentes, também apresentam o mesmo formato, enquanto os indígenas mais próximos da época atual lembram povos do leste da Ásia.
Neves, da USP, e Hubbe, da Universidade Católica do Norte (Chile), compararam os crânios de Lagoa Santa e de outras regiões das Américas com idade semelhante aos encontrados em países europeus e na China no fim da Era do Gelo.
Eles também fizeram uma comparação com crânios modernos do mundo inteiro.
O resultado: independentemente da origem geográfica, os crânios antigos se parecem muito uns com os outros, mas são um bocado diferentes dos crânios atuais.
Os antropólogos propõem que isso acontece porque o formato "africanizado" do crânio é a morfologia original dos seres humanos modernos quando eles começaram a deixar a África e colonizar o planeta há uns 60 mil anos.
A expansão relativamente rápida teria levado gente com esses traços rumo à América. Isso ajudaria a explicar os traços africanos de Luzia e seus companheiros.
A pesquisa está na revista científica "American Journal of Physical Anthropology".
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