Tumulto de visitantes na penitenciária
Mulheres e familiares de detentos do raio 3 da Penitenciária Central do Estado (antiga Pascoal Ramos) ficaram revoltados ontem de manhã com o cancelamento da visita a 317 detentos. Nervosas, as mulheres reclamaram do rigor das revistas, principalmente em relação a alguns alimentos que estão sendo restringidos na unidade. O motivo do cancelamento, no entanto, foi outro. Anteontem, os presos se rebelaram fazendo um “panelaço”, batendo nas grades das celas.
O raio 3 está superlotado, já que sua capacidade é de 96 presos, o que pode ser um dos motivos do motim, pois os detentos alegam que não cabem nos cubículos, onde estão três vezes mais homens do que a capacidade. No raio estão presos considerados de média periculosidade.
A revolta dos parentes ocorreu desde o início das visitas, assim que foram informados sobre o cancelamento. Muitas mulheres reclamaram que vieram de longe e não foram avisadas, só ficaram sabendo no momento da checagem das carteiras para a entrada no prédio. Segundo agentes prisionais de plantão, a visita para presos de outras alas ocorreu normalmente, o que revoltou ainda mais os familiares.
A Penitenciária Central do Estado abriga detentos de todo Mato Grosso, mas a maioria é de – entre provisórios e condenados – residentes em Cuiabá, Várzea Grande ou municípios próximos. A maior parte cometeu crimes considerados graves, como roubo, tráfico de drogas e estupro, além de violência doméstica.
O atual diretor José Carlos Gonçalves substituiu José Carlos de Freitas após denúncias de facilitação de fugas que estão sendo investigadas pela Polícia Civil. Um inquérito foi instaurado na Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (DERRFVA) para investigar as denúncias que envolveriam policiais militares, agentes prisionais e mais pessoas.
Desde que assumiu, o atual diretor demonstrou ser linha dura na tentativa de moralizar a situação. Mesmo assim, não têm sido registradas fugas nem rebeliões. Anteontem à tarde, os presos teriam praticado motim no raio 3 e, como represália, foi proibida a visita para somente aquele setor de presos.
OUTRO LADO - A Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) esclareceu que o início de um motim foi registrado, mas o movimento dos encarcerados não evoluiu, gerando poucos danos à estrutura física do prédio e nenhum ferido. O motivo da balbúrdia, segundo a Sejudh, foi o atraso na liberação das marmitas dada à dificuldade da operacionalização da entrega das requisições à empresa fornecedora por parte da direção do presídio.
Para resolver o problema, o secretário-adjunto de Administração Penitenciária, coronel João Antônio Gomes Chaves, deslocou-se para a unidade para tentar resolver o problema da operacionalização das entregas.
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