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Economia
Quinta - 24 de Março de 2011 às 05:15

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O Governo do Estado tem trabalhado para solucionar o endividamento agrícola dos produtores rurais de Mato Grosso. Nesta semana, o secretário-chefe da Casa Civil, Eder Moraes, se reuniu na Casa Civil com o deputado federal Neri Geller e líderes do segmento para tratar do assunto. Na ocasião, os representantes do setor agrícola ressaltaram o risco do agronegócio mato-grossense se tornar um monopólio nas mãos de empresas multinacionais.

O secretário-chefe da Casa Civil lembrou que alertou, anteriormente, sobre a dívida rural no Estado em artigo “Bolha no agronegócio ou risco sistêmico?” em que destacou que é preocupante no cenário rural de Mato Grosso a invasão dos chamados argentinos e empresários, grupos e fundos de outros países, adquirindo terras no Estado, "fazendo o exercício do "quem pode mais se instala", um verdadeiro descalabro contra a economia de Mato Grosso, pois ao menor sinal das matrizes desses grupos altamente capitalizados, eles podem, por exemplo, deixar de plantar por decisões estratégicas, visando lucros, o que pode ser uma catástrofe para o futuro das gerações".

Estudo realizado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) e Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) indica que o endividamento rural pode causar a internacionalização das terras produtivas do Estado. Segundo o diretor executivo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Seneri Paludo, 20% dos produtores rurais estão sem capital para quitar dívidas bancárias, contraídas em 2004 e alongadas até este ano. “Em um universo de cinco mil produtores rurais que Mato Grosso possui cerca de mil deles estão sem condições de honrar as dívidas com os bancos”, observou Paludo.

O diretor administrativo da Aprosoja, Carlos Fávaro, destacou que diante dessa situação o agronegócio do Estado fica nas mãos de uma meia dúzia de empresas, que passam a ditar as regras e impor preços. “Com essas dívidas o produtor rural deixa de plantar e decide arrendar as suas terras. Nesse momento entram em ação as empresas multinacionais, que se aproveitam da dificuldade econômica do produtor e passam a alugar a área. Com recursos financeiros em abundância, essas mesmas grandes empresas de capital no exterior acabam aumentando o leque de atuação no Estado, consequentemente, ampliando a área e produção em decorrência da desistência de produtores rurais do segmento rural”, relatou Fávaro.

O deputado federal Neri Geller explicou que o atual endividamento rural se estende desde 2004, quando os produtores rurais, em sua maioria plantadores de milho, soja e algodão, tiveram perdas na safra devido às fortes chuvas. “Nessa época em que as chuvas foram intensas, o segmento rural recebeu ajuda, porém, no ano seguinte, quando se esperava uma recuperação, houve o surgimento das pragas, da ferrugem asiática e da mosca-branca. Já em 2006, os preços despencaram por causa da variação cambial e desde então os produtores estão endividados devido às constantes quedas do próprio capital”, pontuou o parlamentar.

Na próxima quarta-feira (30.03) será realizada uma reunião na Casa Civil com a equipe técnica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o secretário Eder Moraes e representantes do agronegócio. Nesta reunião, os representantes da Aprosoja, Ampa e Famato irão apresentar à equipe técnica do BNDES os números totais do endividamento rural atualmente no Estado.






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