Usinas hidrelétricas levam criminalidade a Rondônia
A região das obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, registra uma explosão de criminalidade e de casos de exploração sexual de crianças e adolescentes. O aumento dos problemas supera o ritmo do crescimento populacional.
A obra de Jirau foi palco de revolta de trabalhadores na semana passada -- o canteiro foi depredado.
As usinas começaram a ser construídas no segundo semestre de 2008. A população de Porto Velho, onde estão as duas obras, cresceu 12,5% entre aquele ano e 2010. A expansão populacional de Rondônia foi de 2,7%.
Já o número de homicídios dolosos na capital aumentou 44% no mesmo período. Para o promotor Aluildo de Oliveira Leite, que acompanha o impacto das obras, o efeito social das obras foi "subdimensionado".
A ampliação do hospital de base da cidade, que era prevista, não foi concluída.
Em janeiro, os Ministérios Públicos Estadual e Federal cobraram do governo do Estado e da prefeitura "ações sociais efetivas" para o distrito de Jaci-Paraná.
O objetivo, segundo o documento, é "reduzir a alarmante prostituição e tráfico de drogas" no local.
Segundo Raiclin Silva, do Juizado da Infância, as áreas próximas aos canteiros tinham participação mínima nos resgates de menores e agora são metade do total.
O número de estupros em Rondônia cresceu 76,5% de 2008 a 2010. A quantidade de crianças e adolescentes vítimas de abuso ou exploração sexual subiu 18% no período.
Mais de 37 mil funcionários, na maioria homens vindos de outros Estados, trabalham nas duas obras. "É como se houvesse um garimpo", diz Silva.
OUTRO LADO
Segundo o consórcio Energia Sustentável do Brasil, o programa de compensação da obra de Jirau prevê repasse de R$ 156 milhões ao governo estadual e prefeitura.
O consórcio Santo Antônio Energia disse que repassou recursos para a segurança pública estadual.
Já o governo estadual e a prefeitura não se pronun- ciaram.
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