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Agronegócios
Terça - 22 de Março de 2011 às 07:45

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Produção alia quantidade e qualidade, preservando o meio ambiente com menor uso de agrotóxico na cultura. Limoeiro do Norte. O equilíbrio entre o menor uso de meios químicos e a maior presença de ferramentas biológicas, aliado a pesquisas, tem proporcionado o sucesso na produção qualificada de ata na Chapada do Apodi, neste Município. Técnicas que vão da polinização artificial, desfolha controlada e menor uso de agrotóxicos tem feito a diferença para a conquista de frutos maiores e até mais protegidos contra pragas. A pesquisa científica está provando que é possível aliar quantidade e qualidade e dando exemplo, na Chapada do Apodi, que produção sustentável e equilibrada com o meio ambiente se dá com menos agrotóxicos. Na Fazenda Kabocla, em Limoeiro do Norte, o engenheiro agrônomo Daniel Vidal e Sousa alia pesquisa tecnológica no cultivo em 20 hectares de terra cuja principal cultura é a ata, mas que também tem atemoia (uma variação da anterior), romã e rambutan. A produção de ata tem sido um sucesso. A área é dividida em quatro quadrantes, em um sistema de rodízio, permitindo que, enquanto um lote esteja em desfolha, um outro possa estar em plena época de colheita. O resultado: tem ata o ano todo. Por mês, há uma produção média de 12 mil quilos de ata, abastecendo supermercados em Fortaleza, mas fornecendo também mercados dos Estados do Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte. "Procuramos acompanhar cada planta e agir conforme a fisiologia delas. E temos só 1% de atas com broca (um tipo de praga que atinge os frutos)", afirma Daniel Vidal, numa inevitável comparação de que, em nível nacional, o índice de atas brocadas é de até 20%. Com o engenheiro agrônomo atuam dois técnicos e três tecnólogos. A mão-de-obra especializada é toda local - formada pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE), no Centro de Limoeiro. O trabalho científico de acompanhamento da produção permite que as intervenções químicas e biológicas sejam feitas no momento certo, sem excessos. "Não usamos mais herbicida. E o controle que fazemos na cultura nos permitiu uma redução de 50% a 70% no uso de agrotóxicos", comemora Daniel Vidal, acrescentando que, mesmo assim, as plantas estão mais protegidas. "É só lembrar que é difícil vermos atas brocadas aqui", pontua. A Fazenda Kabocla participa do experimento-piloto da Produção Integrada de Anonáceas (PIA), desenvolvido pela Embrapa Agroindústria Tropical. Está em fase de obtenção do certificado, obtido com o atendimento a vários requisitos, da qualidade das instalações à adoção de medidas severas de segurança. Um importante fator que ajuda na garantia da produção e colheita de ata o ano todo é o cultivo controlado. É a técnica da polinização artificial e dirigida das plantas. Esse planejamento permite identificar o período certo para fazer a colheita dos novos frutos. Além de saudáveis, as atas produzidas em Limoeiro do Norte são bonitas. Além de ter cores vivas, a produção oferece frutos de grande porte, com pesos que superam os 400 kg, o que favorece a aceitação dos supermercados e, por isso mesmo, dos consumidores.

Laboratório - Na Chapada do Apodi, os hectares da Fazenda Kabocla, ao passo que são terras do agronegócio, também constituem em verdadeiro laboratório de cultivo sustentável aliado ao conhecimento. "E sabemos que as técnicas usadas hoje aqui servirão, se já não servem, para demais produtores. Mas eu digo que é preciso manter a disciplina e o rígido monitoramento", explica Daniel Vidal. A produção é pequena, comparada a outras culturas produzidas na Chapada do Apodi. Mas o cultivo inteligente de ata tem despertado a atenção por fatores pouco encontrados em monoculturas na mesma região: mão de obra qualificada, menor uso de produtos químicos, produto maior e de melhor qualidade. Tudo isso garante um aumento da sustentabilidade do solo. Também conhecida como pinha ou fruta-do-conde, a ata é colhida aos milhares por mês - cada planta adulta chega a produzir até 50 frutos por período. E a aceitação da ata tem sido tão boa que, aproveitando as técnicas de manejo e polinização artificial no cultivo de atas, o produtor Daniel Vidal está investindo também na atemoia. Um híbrido de ata com cherimoia, esta uma parente da ata e que é comum na região dos Andes.

PROGRAMA DE PESQUISA  - Produção integra frutas anonáceas.  Por iniciativa de um pesquisador cearense da Embrapa Agroindustrial Tropical, País avança em normas técnicas do setor

Limoeiro do Norte. O resultado a ser alcançado pela Fazenda Kabocla é um produto com selo de qualidade, rastreabilidade e que possa ser produzido com uma quantidade mínima de agrotóxicos. O programa de Produção Integrada de Anonáceas (ata, pinha, graviola e atemoia - PIF Anonáceas) teve início em dezembro de 2009. A meta principal é estabelecer normas técnicas específicas para o setor, organizando, assim, seu sistema de produção. A transferência de conhecimentos é privilegiada, uma vez que a iniciativa prevê a realização de um levantamento das tecnologias existentes sobre a área temática. Segundo o pesquisador, os produtores ainda têm pouco acesso ao conhecimento técnico produzido sobre as anonáceas. O número de pesquisas nesse segmento também é reduzido. Com o PIF Anonáceas, em um futuro próximo, será possível consolidar um programa nacional de pesquisas sobre essa cultura. De acordo com a Embrapa, no Brasil existem cerca de 10 mil hectares de terra atuando na produção de anonáceas. Desse total, 3,5 mil ha são de atemoias (fruta híbrida, resultante do cruzamento da cherimoia (Annona cherimola, Mill) com a fruta-pinha (Annona squamosa, L.), e outras cinco mil hectares são destinados às atas. A atemoia é rica em vitamina C, em igual teor ao da acerola, e tem um sabor forte e mais adocidado que a ata. Na medida em que se qualifica a produção na Chapada do Apodi, o resultado é ter ata e atemoia o ano todo nos supermercados e na mesa cearense. A maior parte dos frutos vai para o mercado interno, uma vez que a exportação ainda é incipiente. "A procura pelas anonáceas é bem maior que a sua produção", afirma Raimundo Braga, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical.

Fazendas-pilotos - São Paulo e Ceará são os Estados que já fazem parte do programa. Alagoas e Bahia pediram sua inclusão recentemente. As informações são da Embrapa Agroindústria Tropical. Encontros com produtores e testes em fazendas-pilotos estão sendo feitos para que o PIF possa ser implementado. O projeto tem duração de três anos. A grande intenção do Programa de Produção Integrada de Anonáceas é melhorar a qualidade do produto e diminuir o uso de poluentes no solo. Isso aumenta em sustentabilidade e garante maior produtividade. O produtor Daniel Vidal, em Limoeiro do Norte, também parceiro do programa de incentivo ao cultivo das anonáceas, investe na produção de ata e atemoia, faz suas próprias pesquisas, mas sabe que o trabalho de outros produtores também será útil à sua produção, embora se deva compreender as características de casa solo. Na semana passada, na seda da Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza, foi realizado o curso "Formação de Técnicos em Produção Integrada de Anonáceas", para engenheiros agrônomos, agrícolas, florestais e de alimentos, biólogos, técnicos agrícolas e estudantes. Partiu do Ceará a certificação de normas técnicas para a Produção Integrada de Anonáceas, iniciativa do cearense Raimundo Braga, que passou a coordenar o programa no País. (Diário do Nordeste).





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