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Agronegócios
Segunda - 21 de Março de 2011 às 14:35
Por: Rosana Vargas

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Cuiabá (MT), 21 de março de 2011 – A cena desoladora de um pequeno rebanho de vacas e bezerros na estrada de chão da BR 158 -     que dá acesso ao município de Vila Rica, distante da capital de Mato Grosso, Cuiabá, 1.300 quilômetros, chamou a atenção de quem passava. A imagem era de um verdadeiro holocausto. A equipe da Associação dos Criadores de Mato Grosso - Acrimat - que estava na região Nordeste do estado, apostava que nenhuma delas chegaria ao seu destino, que era uma pastagem a 200 quilômetros da cidade. A velha frase ‘era só couro e osso’ cai como uma luva para a descrição dessa situação.

 “Mais de 70% do nosso rebanho esta passando fome, 20% de nossa pastagem morreu na seca do ano passado, e a situação se agravou com o ataque das cigarrinhas e lagartas. O momento é crítico e nosso gado esta passando fome e temos que tirar os animais daqui para comer em outros pastos”, fala desolado o presidente do Sindicato Rural de Vila Rica, Eduardo Ribeiro. Ele disse que nessas viagens “mais de 10% do gado morrem no caminho e para pior a situação, ninguém quer comprar nosso gado, pela distancia e falta de estrada, e quando compram, pagam muito pouco. Ficamos sem saída, pois se não vendemos perdemos, o animal morre”.

A Acrimat visitou durante uma semana a região Nordesde do estado e o que encontrou foi um cenário de muitos problemas. “Os produtores estão pedindo socorro e solução para os inúmeros problemas que enfrentam e isso é possível, pelo menos para amenizar a situação”, disse o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.  Uma delas, segundo Vacari, é a redução do ICMS de 7% para 3,5% para a saída do boi em pé para outros estados. “Hoje a região Nordeste conta com um rebanho de quase 6 milhões de cabeças e apenas dois frigoríficos do Friboi operando e se aproveitando da situação dos pecuaristas, pagando um preço pela arroba até seis reais de diferença das demais regiões, para menos é claro”, salienta.

Os produtores de Canarana, município distante de Cuiabá 827 quilômetros, relatam que para abater o gado precisam andar mais de 300 quilômetros para receber um pouco mais pela arroba. “Em Água Boa, que fica a 110 quilômetros, pagaram na semana passada R$ 88 reais pela arroba do boi inteiro, em Paranatinga, 310 quilômetros de Canarana R$ 94 e em São Paulo, 1.200 quilômetros daqui, conseguimos um preço de R$ 92 pelo mesmo boi. Isso mostra que o frigorifico mais próximo faz pressão e paga o que quer”. Ele ressalta que a redução do ICMS “vai mudar a atual realidade e tornar nosso gado mais competitivo, mas não basta só isso, pois precisamos de estradas para transportar nossos animais. Precisamos ser ouvidos e atendidos”.

Para Eduardo Ribeiro, de Vila Rica, a saída é a redução do ICMS e também do preço da pauta do boi em pé, que hoje é de R$ 1.480 para fora do estado e R$ 1.360 para dentro. A sugestão do presidente do Sindicato é de redução de 35% do preço da pauta e o fim da cobrança por estimativa dos frigoríficos de abate diário de 600 cabeças. “O pecuarista para 100% dos animais abatidos e os frigoríficos, se abaterem 1.200 cabeças/dia, pagam apenas 600, e isso não é justo, pois se os frigoríficos pagarem o abate real, o governo não vai perder receita com a redução do preço da pauta do boi em pé para nós”, explicou Ribeiro.

A Acrimat já enviou ao governo do estado o pedido de redução do ICMS de 7% para 3,5%. Em 2009 o governo concedeu o a redução no período de abril a setembro para a região Nordeste e alguns municípios da região Noroeste. O resultado foi o aumento de mais de 1.000% na comercialização do gado em pé para outros estados. “Esperamos por uma resposta positiva por parte do governo, pois a situação é crítica”, finalizou Vacari.

 






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