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Polícia Brasil
Quinta - 17 de Março de 2011 às 08:26

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Três dos nove policiais militares acusados pelo Ministério Público Estadual e pela Polícia Civil de integrar um grupo de extermínio conhecido como Os Highlanders serão julgados nesta quinta-feira, a partir das 9h30, no Tribunal do Júri em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo), pelas mortes de dois jovens.

Segundo a acusação do Ministério Público Estadual, Roberth Sandro Campos Gomes, 19, o Maranhão, e Roberto Aparecido Ferreira, 20, o Bebê, foram sequestrados pelos PMs no Capão Redondo (zona sul de SP) na madrugada de 6 de maio de 2008, quando foram vistos entrar no carro nº 37016 do 37º Batalhão da PM.

Os corpos dos dois jovens foram encontrados decapitados em Itapecerica da Serra, nos dias 29 e 30 daquele mês.

Os PMs que sentarão no banco dos réus pelo duplo homicídio são Jorge Kazuo Takiguti, Jonas Santos Bento e João Bernardo da Silva. Desde quando foram presos pelo duplo homicídio, no começo de 2009, os três PMs sempre negaram participação nas mortes.

O júri dos três PMs será presidido pelo juiz Antonio Augusto Galvão de França Hristov. A acusação contra os policiais será conduzida pelo promotor Vitor Petri, que convocou nove testemunhas para tentar provar a culpa dos policiais nas mortes de Gomes e Ferreira.

Pela defesa dos três réus, o ex-PM e advogado Celso Machado Vendramini convocou dez testemunhas.

Ao todo, 12 mortes são atribuídas pela Polícia Civil aos PMs "highlanders". Em cinco delas, as vítimas foram decapitadas --por isso o nome do grupo.

Os nove PMs acusados de fazer parte dos "highlanders" eram integrantes da Força Tática (espécie de tropa especial de cada batalhão da PM) do 37º Batalhão, na zona sul de São Paulo.

Os soldados Rodolfo da Silva Vieira, Marcos Aurélio Pereira Lima e Ronaldo dos Reis Santos são os outros réus no processo pelas mortes de Gomes e Ferreira, mas eles serão julgados em um júri separado porque houve desmembramento do caso. Os três confessaram o crime contra os dois jovens.

DEFICIENTE MENTAL

O 3º sargento Moisés Alves Santos, o cabo Joaquim Aleixo Neto e os soldados Anderson dos Santos Sales e Rodolfo da Silva Vieira, outros quatro PMs também acusados de integrar Os Highlanders, foram condenados em julho de 2010, cada um deles, a 18 anos e 8 meses de prisão.

Os quatro foram considerados culpados pela decapitação do deficiente mental Antonio Carlos Silva Alves, 31. O julgamento aconteceu no fim de julho de 2010. Os quatro sempre negaram a morte de Alves.

Conhecido como Carlinhos, Alves foi sequestrado em 8 de outubro de 2008, no Jardim Capela, um dos bairros que formam o Jardim Ângela (zona sul de São Paulo).

Seu corpo, sem a cabeça e mãos, foi achado em uma área conhecida como local de desova de cadáveres de Itapecerica da Serra.

PROTEGIDO

O soldado Vieira é apontado pela Polícia Civil como chefe do grupo de extermínio porque contava com a suposta proteção do coronel Eduardo Félix de Oliveira --amigo de seu pai, o capitão Paulo Roberto da Silva Vieira, que, durante anos, esteve lotado no extinto Tacrim (Tribunal de Alçada Criminal).

O coronel Oliveira, por meio da Comunicação Social da PM, sempre negou manter relação de proteção ao soldado Vieira ou a qualquer outro dos acusados de integrar o grupo Os Highlanders. A Folha tenta entrevistar Oliveira desde 2009 sobre a suposta proteção, mas ele sempre se nega a falar.






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