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Policia MT
Quinta - 17 de Março de 2011 às 08:21
Por: ISA SOUSA

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Divulgação
Mário e amigos em foto durante treinamento no Falcão Clube de Tiro, em Cuiabá
Mário e amigos em foto durante treinamento no Falcão Clube de Tiro, em Cuiabá

Apesar da comoção formada pela opinião pública e do apoio incondicional de parentes, amigos e, até mesmo, desconhecidos, o campeão de tiros Mário Henrique Roversi, 19, ainda se revolta quando lembra dos momentos em que ficou preso, durante dez horas, em uma cela da Delegacia de Homicídios e Proteção às Pessoas (DHPP), em Cuiabá.

O jovem, que também é estudante de Direito, teve prisão em flagrante decretada pelo delegado André Renato Gonçalves, na madrugada do último sábado (12), após ter reagido a um assalto em sua residência, no Jardim Tropical, em Cuiabá.

Na ação, Mário matou o assaltante Denis da Silva Barros, 16, com dois tiros, e feriu, com mais dois tiros, Sérgio Felipe Moraes Arruda, 23, que está em estado grave no Pronto-Socorro da Capital.

Durante entrevista exclusiva ao MidiaNews, na segunda-feira (14), ele relembrou que o assalto começou por volta das 23 horas de sexta-feira (11) e terminou no início da madrugada de sábado (12) . Ainda em sua casa e sem a presença de um advogado, o delegado tomou o primeiro depoimento de Mário.

"O delegado foi no local, tomou meu depoimento, sem que eu estivesse acompanhado de um advogado. Ele não me deu opção, me colocou no quarto. Deixou somente meu irmão e meu pai me acompanharem. Eles não têm formação específica nenhuma para tal", disse.

Encaminhado para o Cisc Planalto e, em seguida, para a DHPP, o jovem esperou até as 5h30 de sábado, em uma sala da unidade, para ser novamente ouvido.

Meia hora depois, o delegado André Renato anunciou ao jovem a prisão e que ele seria indiciado por homicídio doloso consumado, homicídio tentado e porte ilegal de arma de uso restrito.

Na delegacia, Mário disseque ficou em uma cela, sozinho, das 9 da manhã até as 19h30, sem receber visitas da família, alimentação ou, até mesmo, água. O sentimento de impotência, naquele momento, de acordo com ele, era muito grande.

"Eu recebi assistência dos carcereiros das celas ao lado, que não são da jurisdição da DHPP. Eles me deram um pouco de água, quando pedi. Mas, fiquei sem água, sem comida e sem nenhuma assistência da DHPP. Só comi algo lá pelas 17h30 porque minha tia levou um lance. Me senti frustrado com o Código Penal e com a nossa Justiça. Era um sentimento de impotência também, até mesmo, na hora de prestar depoimento. O que eu podia fazer era expor os fatos. Foi declarada a prisão e eu não tinha o que fazer", relembrou.

A liberação do rapaz só ocorreu quando a advogada Adriana Roversi conseguiu, junto à juíza de plantão Maria Cristina Silva Mendes, o alvará de soltura.

Legítima defesa e prisão

Para a advogada, que acompanhou toda a entrevista de Mário, foi surpreendente a ação do delegado André Renato, em dar voz de prisão em flagrante.

"Eu nunca vi prisão em caso de legítima defesa. Quando fui montar a peça de defesa, procurei coincidências, ajuda de amigos advogados ou outros delegados, e não achei nada. Ninguém recorre para soltar alguém que agiu em legítima defesa", disse.

Outro ponto, segundo a advogada, é que não houve a intenção de ferir ou matar as vítimas, o que não poderia configurar um flagrante.

"Quando se analisa friamente, a gente se pergunta o porquê da prisão. Porque a prisão cautelar é para prevenir, para evitar que haja constrangimento de testemunhas, para evitar que o acusado, no caso, utilize as provas do crime. Ou seja, no caso de Mário nada disso se encaixa", completou.

Outro lado

Procurado pela reportagem diversas vezes para falar sobre o caso, o delegado André Renato não foi localizado e nem retornou as ligações.

Ele deve encerrar o inquérito e apresentar relatório final nesta sexta-feira (18).

A conclusão será encaminhada ao Ministério Público Estadual (MPE), para apreciação do promotor.






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