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Internacional
Quinta - 17 de Março de 2011 às 07:52

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Todos os dias desde o terremoto, o pai de dois filhos Tatsuya Suzuki se dirige ao antigo boliche de Natori, no nordeste do Japão, para procurar entre as listas de mortos e de vivos o nome de sua esposa, Izumi.

O boliche virou um necrotério improvisado. A cada hora mais e mais caixões brancos são levados para o local em grandes caminhões do Exército por grupos de soldados em máscaras para evitar a contaminação.

Tatsuya quer saber do paradeiro de Izumi, que conseguiu salvar as duas crianças do casal --uma menina de seis anos e um menino de dois-- antes de ser levada pela onda gigante que arrasou o porto de Yuriage, onde a família vivia.

O marido estava no trabalho quando o terremoto aconteceu. Ele contou que Izumi estava em casa e, ao ver a onda gigante se aproximar, correu para o carro para escapar com as duas crianças e a sogra.

O grupo conseguiu avançar apenas algumas centenas de metros antes de ser alcançado pela onda.

Ao ver as águas se aproximando, Izumi parou o carro em frente à casa de um primo, e correu para o outro lado da rua com a sogra e os filhos para alcançar a casa de um outro parente, feita de aço.

A casa de aço ainda está no lugar, rodeada de destroços. A casa de Izumi e Tatsuya, feita de madeira, como quase todas as outras no porto, desapareceu.

Izumi conseguiu alcançar os degraus da casa e passar os filhos para a sogra, que carregou as crianças, a salvo, para dentro da casa. A mãe foi levada pelas ondas.

ESPERANÇA

Tatsuya crê que a esposa, de alguma maneira, conseguiu sobreviver. O nome da mulher até agora não apareceu na lista de mortos no necrotério temporário, por isso ele procura também na lista dos vivos - as pessoas que foram levadas para os abrigos temporários.

A lista de 8 mil nomes, que se estende por várias páginas, fica pregada em uma das paredes da prefeitura de Natori. Mas o nome de Izumi também não apareceu nesta relação.

"Tenho vindo aqui todos os dias desde o terremoto. Até hoje, não consegui informação sobre o paradeiro de minha esposa", diz Tatsuya.

Cinco dias após o desastre natural, o número de vítimas da tragédia ainda é incerto. Ninguém sabe quantas pessoas foram levadas pelas ondas, como Izumi. O número certamente alcança os milhares, talvez chegue a 15 mil.

Mais de 5,1 mil mortos foram confirmados até agora.

Soldados, bombeiros e equipes internacionais de resgate combinam esforços para procurar entre os destroços dos vilarejos ao longo da costa leste do país.

Na quarta-feira, a neve que começou a cair tornou ainda mais difícil essa tarefa.

O casal de filhos de Izumi está a salvo. Hibiki, um garoto de dois anos de idade, e Hikaru, de seis, estão alojados junto com o pai em uma loja de pneus que serve de casa improvisada.

Tatsuyo diz que os filhos lhe dão força para seguir atrás de Izumi

Brincando com balões de ar, as crianças sorriem e parecem bem.

"Eles continuam sorridentes dia após dia", conta Tatsuya, com o filho no colo. "Dizem "vamos achar a mamãe hoje". Ou então, "se não acharmos hoje, vamos achá-la amanhã"", afirma.

"Isso é que me dá força par continuar procurando Izumi."
 






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