Souvenirs que lembram revolução egípcia invadem comércio local
O Egito está imerso em uma atmosfera de fervor patriótico desde que a pressão de milhares de manifestantes resultou na renúncia de Hosni Mubarak, que representou um marco histórico e que agora os egípcios lembram com diversos tipos de souvenirs revolucionários.
Nas últimas semanas, perucas, camisetas, chaveiros e adesivos com as cores da bandeira egípcia invadiram as ruas do Egito, e seus cidadãos exibem o vermelho, branco e preto com um orgulho como se o país tivesse acabado de ganhar um campeonato mundial.
A praça Tahrir, no Cairo, que foi o palco das manifestações que reivindicavam a renúncia de Mubarak, voltou à normalidade, mas as mobilizações são lembradas em diversos estabelecimentos comerciais que vendem souvenirs da revolução a preços baixos.
Em uma esquina da praça Tahrir, Khalaf Mohammed improvisou com papelões uma prateleira no qual expõe bandeiras, cachecóis e calendários, entre outros artigos.
Além disso, expõe camisetas que vende a 25 libras egípcias a unidade (cerca de US$ 4), embora, como é de costume no Egito, o preço seja negociável.
Mohammed é proprietário de uma loja no popular mercado de Khan el Khalili, no Cairo, que atrai milhares de visitantes todos os anos, mas que, como muitos outros pontos turísticos do país, ficou vazio com o início da revolta popular.
Ele disse à Agência Efe que as vendas começaram a cair também na praça Tahrir desde que na quarta-feira passada o Exército retirou os manifestantes que ainda ocupavam o local.
"Em Khan el Khalili não tinha clientes, portanto, vim para Tahrir e agora aqui o negócio" também está em crise, disse com preocupação, mas afirmou que espera que o turismo se recupere "algum dia".
Perto da praça, outro vendedor, Taha Nagi, se mostrou mais otimista sobre a situação, já que no Egito de Mubarak ele só conseguia trabalho de forma esporádica, enquanto agora seu comércio de bandeiras egípcias e até mesmo líbias tem lhe rendido uma boa renda.
VAZIO
Perto do metrô, Walid Adara vende não só bandeiras e chaveiros, mas também perucas, grandes chapéus e muitas camisetas que lembram a revolução.
"Agora não há ninguém em Khan el Khalili, os turistas não vêm ao Egito e os egípcios só ficam em suas casas e não compram", lamenta Adara, quem diz à Efe que participou das manifestações contra Mubarak, mas que agora, após sua queda, tenta seguir com seu negócio.
Com sua loja, uma das mais variadas da praça, Adara ganha cerca de 150 libras egípcias por dia (US$ 25), das quais desconta 50 (US$ 8) para Ahmed Ibrahim, seu ajudante.
"Ahmed tinha uma loja em um centro comercial, mas teve que fechá-la porque lá as vendas também caíram. Agora ele me ajuda".
Adara diz estar preocupado por não saber quanto tempo durará essa situação.
"Todos em casa dependem de mim. Há três meses tive meu primeiro filho e agora não tenho dinheiro", lamenta ele, quem acrescenta: "Compro a comida de que necessito para cada dia e, quando ganho mais um pouco, alguns cigarros também".
Perguntado sobre qual seria a melhor solução para que o país volte à normalidade, ele não se referiu ao plebiscito pela reforma da Constituição que será realizado no próximo sábado nem aos possíveis candidatos à Presidência, mas disse apenas que quer a volta dos turistas ao país
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