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Policia MT
Terça - 15 de Março de 2011 às 07:31
Por: ISA SOUSA

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Divulgação
Apesar do medo e do trauma, jovem atirador tem convicção de que agiu de modo correto
Apesar do medo e do trauma, jovem atirador tem convicção de que agiu de modo correto

Protagonista de um episódio que vem gerando um grande impacto perante a opinião pública, o estudante de Direito e campeão regional de tiros, Mário Henrique Roversi, de 19 anos, afirmou que não se arrepende de ter reagido a um assalto, em sua residência, e atingido dois bandidos.

O fato aconteceu na última sexta-feira (11), no Jardim Tropical, em Cuiabá. Um dos assaltantes, o menor Denis da Silva Barros, de 16 anos, levou dois tiros e morreu no local - o outro, Sérgio Felipe Moraes de Arruda, também foi alvejado por dois tiros e está gravemente ferido, no Pronto Socorro da Capital.

"Eu não me arrependo do que fiz. Faria de novo, desde que eu sofresse ameaça, mesmo porque a intenção não foi matar. Eu faria tudo de novo, desde que tomasse as precauções necessárias", afirmou, em entrevista exclusiva ao MidiaNews.

Apesar de sua reação ter tido êxito, o jovem admite que está abalado emocionalmente. "Não tem como eu falar que estou normal. Tô com muito medo. Não posso esconder que estou com medo de represália dos comparsas, mesmo que isso possa parecer difícil. Hoje eu fui sair de casa e tinha um suspeito de moto. Não sei te falar se era alguém de alguma casa, fazendo algum serviço, pra mim ele era um suspeito. Ele tava com a moto, perto de casa, sentado na moto. Com o capacete próximo, tranqüilo, olhando pra minha casa. Mesmo assim saí, passei por ele, peguei a placa da moto, liguei pra polícia e fiz a denúncia", afirmou.

Quatro tiros

Segundo ele, no momento em que conseguiu pegar seu revólver .45, que utiliza em seus treinamentos de tiro, ele teve certeza de que, se não atirasse, um dos assaltantes iria matar sua mãe.

"Eu agi em legítima defesa, para defender minha família e meu patrimônio. O assaltante que estava armado (o menor) estava com o revólver apontado para a cabeça da minha mãe, pronto para atirar. Eu tenho certeza de que ele iria atirar e matar minha mãe", afirmou.

O assalto ocorreu na residência do estudante, no Jardim Tropical, quando ele chegava a sua casa com o irmão e um amigo. Os três foram surpreendidos ainda na porta da residência por Denis e Sérgio, que portavam um revólver calibre 38.

Encaminhados para dentro de casa, os três se juntaram ainda à mãe de Mário e uma amiga. O pai do jovem estava dormindo.

De acordo com Mário, sempre com muitas ameaças e pressão psicológica, os dois rapazes primeiro colocaram as vítimas no chão da cozinha. Após definirem o que iriam levar da casa, um deles fez um telefonema para um terceiro assaltante, pedindo que ele fosse até o local com um carro, para carregar os objetos do assalto.

Em seguida, os assaltantes perguntaram se havia um banheiro na casa, onde todos pudessem ser trancados. Ao receber a resposta negativa, eles resolveram levar as vítimas para um quarto. E foi justamente no quarto de Mário, onde estava o seu revólver calibre 45, as munições e os demais equipamentos que ele utilizaria no dia seguinte, em um campeonato de tiro.

A reação

"As caixas de munição estavam em cima da cama, a caixa da arma no pé da cama e a minha bolsa de acessórios do outro lado. Quando entrei, me posicionei do lado da caixa de arma. Eles estavam fechando a porta, que emperrou um pouco. Com medo de eu pegar na arma, meu irmão pulou na cama, porque pensou que arma estivesse lá. Daí, minha mãe deu um grito e minha reação foi pegar a arma rápido e carregá-la. Com a agitação, eles abriram a porta de novo e entraram no quarto, sendo que o assaltante menor de idade mirou na cabeça da minha mãe", disse.

Segundo Mário, ele não sabe explicar como agiu tão rápido. "Sinceramente, eu não sei como consegui. Em fração de segundos, eu carreguei a arma e disparei contra os dois. Foi uma reação instintiva, com base na técnica de treinamento. Eu não tinha intenção de matar, e sim de tirar a arma da mão deles, de parar a ação. Minha única defesa era não deixar atirar na minha família", completou.

Após o ocorrido, o rapaz foi encaminhado para o Cisc Planalto e, em seguida, para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoas (DHPP), onde ficou preso em uma cela especial por dez horas. O delegado, André Renato Gonçalves, indiciou Mário por homicídio doloso consumado, homicídio tentado e porte ilegal de arma de uso restrito.

Sem dormir

Desde então, Mário não consegue dormir normalmente, apenas tirar "pequenos cochilos", por temer que algo de pior ocorra com sua família. "Não tem como eu falar que estou dormindo tranquilo. Qualquer barulhinho já me atormenta, me acorda, me assusta. Fico prestando atenção em volta da casa. Olho pra rua", disse.

Além disso, ele contou que é comum, durante a noite, ficar "remoendo" tudo o que aconteceu. "Eu acredito que quem se responsabiliza pela minha família, agora, sou eu. Assim como me responsabilizei no momento do assalto. Então fica aquela coisa na minha cabeça: e se eu não tivesse dado conta, e se não tivesse encaixado o clipe e carregado a arma, e se falhasse a munição... O cara ia atirar na minha mãe, era lógico, ele praticamente estava puxando gatilho pra minha mãe", afirmou.

Apesar do trauma, o jovem afirmou que não está fazendo uso de medicamentos ou calmantes. "O que me conforta foi o apoio que venho recebendo. A Polícia Militar, desde o primeiro momento, me acalmou, dizendo que eu tinha agido corretamente. A família, os amigos, todos estão me dando muito apoio. Isso é que tem me ajudado a levantar um pouco o astral", disse.

Vítima da violência que assola, cada vez mais, Cuiabá, Mário Roversi não sente orgulho do que fez. "Na verdade eu sinto revolta. Você acha que eu gostaria de sacar uma arma e atirar contra duas pessoas? De matá-las? Alguém, em sã consciência, acha isso legal? É um bem que eu gostaria de angariar pra minha vida? Não, com certeza não", afirmou.






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