Níveis de radiação disparam após incêndio e explosão em Fukushima
As autoridades do Japão alertaram sobre o grande aumento dos níveis de radiação após a explosão e o incêndio ocorridos na manhã desta terça-feira na central nuclear de Fukushima 1. As instalações foram danificadas pelo terremoto --seguido de tsunami-- de magnitude 9,0 que atingiu na última sexta-feira a costa nordeste do Japão.
Segundo a agência Kyodo, a radiação foi até 33 vezes superior ao limite legal em Utsunomiya, capital da província de Tochigi, ao norte de Tóquio, e também se mediu radiação nove vezes acima do normal em Kanagawa, ao sul da capital japonesa.
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, indicou que os níveis de radiação se elevaram significativamente após os incidentes ocorridos nesta terça-feira em Fukushima, onde quatro reatores já sofreram avarias.
Kan pediu a todas as pessoas que vivem em um perímetro de 30 quilômetros ao redor da usina que não saiam de suas casas, não abram as janelas e evitem ligar os aparelhos de ar-condicionado.
O Ministério de Transportes estabeleceu uma zona de exclusão aérea dentro da área classificada como de risco em Fukushima, onde uma explosão ao amanhecer atingiu o invólucro secundário do reator número 2 e um incêndio foi registrado no edifício do reator 4.
Os problemas em cascata no complexo nuclear começaram quando o tremor causou danos ao sistema de resfriamento dos reatores do complexo. Por precaução, cerca de 200 mil moradores já foram retirados das imediações.
A mais recente explosão ocorreu na unidade 2 da instalação, perto de uma piscina de supressão, que remove calor debaixo de um reservatório do reator.
Não há relatos de feridos, mas funcionários foram temporariamente removidos do local --segundo um porta-voz da agência de segurança nuclear japonesa, a primeira vez que isso ocorre.
O governo japonês afirmou que a explosão destruiu o reservatório do condensador do cilindro de confinamento concebido para impedir vazamentos radioativos em caso de acidente.
Yukio Edano, o porta-voz do governo japonês, assinalou que o nível de radiação chegou a 100 vezes acima do limite normal no reator número 4, enquanto no reator número 3 o índice foi até 400 vezes superior.
"Às 10H22, detectamos 30 millisieverts entre os reatores 2 e 3, 400 millisieverts próximo ao reator 3, e 100 na zona do numéro 4", disse.
Edano revelou ainda que "ao contrário do que ocorria até o momento, agora não há dúvidas de que o nível de radiação pode afetar a saúde de seres humanos" no complexo de Fukushima.
A partir de uma dose de 100 millisieverts o corpo humano sofre maior risco de desenvolver alguns tipos de câncer.
Uma pessoa exposta a uma dose de um sievert (1.000 millisieverts) ou mais é considerada vítima do "mal da radiação" e deve ser hospitalizada.
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