Rodovias e ferrovias, energia e portos foram paralisados em grande parte do nordeste do Japão, e as estimativas dos prejuízos saltaram para até 170 bilhões de dólares. O mercado de ações do Japão fechou em baixa superior a 6 por cento, maior queda desde o auge da crise financeira de 2008, e analistas disseram que a economia poderia mesmo voltar à recessão.
Equipes de resgate continuam procurando sobreviventes na região devastada pelo tsunami, ao norte de Tóquio, e tentando ajudar milhões de pessoas que estão sem energia elétrica e água. O primeiro-ministro Naoto Kan disse se tratar da pior crise no país desde a Segunda Guerra Mundial.
As autoridades afirmam que pelo menos 10 mil pessoas provavelmente foram mortas no terremoto de magnitude 8,9 e no tsunami que se seguiu. A agência de notícias Kyodo informou que 2.000 corpos foram encontrados nesta segunda-feira só em duas cidades do litoral.
"É uma cena infernal, absolutamente aterrorizante", disse Patrick Fuller, da Federação Internacional da Cruz Vermelha na cidade de Otsuchi.
"A situação aqui é simplesmente inacreditável, quase tudo foi arrasado. O governo está dizendo que 9.500 pessoas, mais da metade da população, poderia ter morrido, e eu temo pelo pior."
Por outro lado, as autoridades disseram que as espessas paredes em torno dos núcleos radioativos dos reatores danificados na usina nuclear parecem intactos após a explosão de hidrogênio, a segunda no local desde sábado.
O maior temor é de um grande vazamento de radiação do complexo em Fukushima, 240 quilômetros ao norte de Tóquio, onde os engenheiros têm lutado desde o fim de semana para evitar um colapso nos três reatores.
O governo alertou as pessoas que vivem num raio de 20 quilômetros em torno da usina a não saírem de casa. A empresa que opera a unidade, a Tokyo Electric Power Co., disse que 11 pessoas ficaram feridas na explosão.
Segundo a Kyodo 80 mil pessoas foram retiradas da área, somando-se a outros 450 mil desabrigados do terremoto e do tsunami. As autoridades disseram no domingo que três reatores nucleares em Fukushima corriam risco de superaquecimento, aumentando os temores de um vazamento de radiação descontrolada.
Os engenheiros trabalhavam desesperadamente para resfriar as barras de combustível nuclear na usina. Se não conseguirem, os recipientes que abrigam o núcleo poderão derreter, ou até mesmo explodir, liberando material radioativo na atmosfera.
Especialistas nucleares disseram que é provavelmente a primeira vez em 57 anos da indústria nuclear de que a água do mar tem sido usado desta forma, num sinal de como o Japão pode estar próximo de um acidente grave.
"A injeção de água do mar em um núcleo é uma medida extrema", disse Mark Hibbs, do Fundo Carnegie para a Paz Internacional. "Isso não está de acordo com os manuais."
(Reportagem adicional de Nathan Layne, Risa Maeda e Leika Kihara em Tóquio, Chris Meyers e Kim Kyung-Hoon, em Sendai, Walter Brandimarte e DiSavino Scott, em Nova York, Natsuko Waki em Londres e Fredrik Dahl em Viena)
Comentários