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Internacional
Sexta - 11 de Março de 2011 às 22:46

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Brasileiros que estavam no Japão enviaram seus relatos à Folha.com sobre como sentiram o tremor e como está a situação no país após o terremoto de magnitude 8,9, que originou ainda um tsunami devastador com ondas de sete metros de altura.

O balanço das autoridades japonesas indica que o tremor, o pior a atingir o arquipélago, deixou ao menos 385 mortos, mais de 800 feridos e 547 desaparecidos. O número de vítimas deve aumentar ao longo das próximas horas, quando as equipes de resgate conseguirem chegar a todas as áreas atingidas. As autoridades temem que o número final de mortos ultrapasse mil.

O embaixador brasileiro no Japão, Marcos Galvão, afirmou nesta sexta-feira à Folha.com que ainda não há notícias de vítimas brasileiras. Segundo ele, as províncias mais atingidas foram Miyagi, Iwate e Fukushima, onde o número de brasileiros é cerca de 800. Ouça a entrevista com o embaixador.

Leia relatos:

"Achei que o terremoto ia parar imediatamente, mas foi aumentando. Não sabia se era normal algo naquela intensidade, e fiquei parado numa área coberta com alguns jovens. Segundos depois, ficou muito mais forte e as crianças começaram a sair das salas de aula. No momento do sismo, vi carros estacionados pulando. Tudo estava chacoalhando e era difícil ficar em pé."
Wellinghton Akira Komiyama, 35, está em Mitsukaido, na província de Ibaraki, há apenas 12 dias

"Estamos na Ilha de Páscoa desde quarta-feira. Recebemos o alerta em nossa pousada, que fica defronte ao mar, por volta das 5h, de que deveríamos preparar apenas uma pequena mala e sair. Nos deslocamos até o pequeno aeroporto da ilha, que é o local mais seguro. Retornamos à pousada, pois fomos informados que o tsunami passaria por Ilha de Páscoa por volta das 16h. Agora, estamos todos juntos, no aeroporto, esperando um resgate ou até que a onda passe."
William Thomaz, viaja pela Ilha de Páscoa, no Chile

"Moro no segundo andar de um prédio de cinco andares. No momento do tremor, o prédio balançou como sempre, mas não parava. Fiquei assustado porque jamais tinha sentido um balanço daqueles. [...] Quando cheguei lá no térreo, havia vários japoneses também se protegendo. Vi o prédio e postes balançando como se fossem de borracha, os vidros faziam barulho."
*Rafael Ynamoto, 37* mora em Oyama-shi

"Moro no Japão ha mais de 10 anos, já morei em varias províncias, e de todos terremotos que já senti, nenhum se compara a este. Não parava de tremer, foram mais de 3 minutos sem parar de tremer. A destruição é imensurável, mas o Japão é um pais preparado para essas calamidades e por isso o número de pessoas mortas e desaparecidas ainda é pequeno se comparado a um terremoto nas Filipinas ou em outros países da Ásia. O governo já tem planos de emergência para reerguer o pais o mais rápido possível. Um grande exemplo para países como o Brasil, que demoraram demais para reagir na tragédia causada pelas chuvas no Rio de janeiro."
"Jesana Ueda*, mora em Aichi-ken Toyota-shi

"Logo que o tremor começou a aumentar, saímos correndo do edifício e a imagem que vimos era apavorante. Prédios de cinco andares se moviam para um lado e do outro cerca de 10 a 20 centímetros."
*Hiro Fukumoto, 34, publicitário*, mora na província japonesa de Kanagawa

"Tudo [ficou] balançando. O chão parecia se abrir debaixo dos meus pés, as pessoas estavam desesperadas sem saber o que fazer. Aqui no Japão são 22h32 [10h32 em Brasília] e ainda há vários tremores. Estamos muitos abalados e com medo."
Márcia Tardelli, 38, mora em Chiba

"Estava no centro de Tóquio durante o terremoto. Moro aqui há 5 anos e nunca vi nada parecido! Está tudo parado, o metrô não funciona, celulares também não. O governo liberou os telefones públicos de graça. Foi terrível."
Alessandra Albrecht, 19, modelo, mora na capital Tóquio

"Pessoas que iam para o mercado para estocar comida e água se deparavam com o mercado de portas fechadas e cartaz anunciando que estava fechado por período não determinado."
*Nathália Ikuma, 24*, vive em Chiba

"Olhamos pela janela e alguns brinquedos balançavam. No Japão, as crianças são treinadas. Todos anos acontecem terremotos, então já sabem como agir."
*Mary Chayamiti, 38, tradutora*, mora em Higashiura, na província de Achi

"Foi o maior tremor que já senti. De 15 a 30 segundos. Apavorante. Estava no trabalho, uma garota começou a berrar, olhei para trás e não entendi. Quando olhei para o teto, tudo chacoalhava, foi aí que senti minhas pernas vibrando. E [os tremores] não paravam. Fiquei imóvel, estático, sem saber o que fazer. [...] É como se imaginássemos uma geleia gigante, vibrando, com pessoas, carros, casas e prédios em cima dela geleia. Na região onde moro [cidade de Okasaki, em Toyota] não temos notícias de mortos, e até agora não ouvi nada sobre a morte de brasileiros. [...] Hoje meu chefe me pediu para trabalhar amanhã [sábado], fazer horas extras. A vida segue como se nada tivesse acontecido. Eu nunca me acostumo com isso."
Milton Miranda, operário de fábrica, mora em Okasaki 






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